A fronteira invisível do Sistema Solar

Sonda espacial chamada Explorador dos Limites Interestelares fará uma pintura impressionista dos limites do Sistema Solar.
Quando se tornaram os primeiros objetos construídos pelo homem
a deixarem o Sistema Solar, as sondas espaciais Voyager 1 e 2 fizeram
descobertas surpreendentes. Mesmo não sendo construídas para isso, e
contando com instrumentos construídos há mais de 30 anos, elas
detectaram uma onda de choque pulsante que parece desenhar uma
fronteira entre o “interior” do Sistema Solar e o espaço exterior,
chamado de espaço interestelar.
Heliosfera
O espaço entre os planetas não é vazio. O Sol libera em todas
as direções um fluxo constante de gás eletricamente carregado, um
plasma que é conhecido como vento solar. Esse gás, que viaja a uma
velocidade de cerca de 1,6 milhões de quilômetros por hora, forma uma
espécie de bolha de plasma em todo o espaço ao redor do Sol. Essa bolha
é chamada heliosfera.
Choque de terminação
Além da órbita de Plutão, esse vento solar diminui gradualmente
de velocidade ao interagir com os gases neutros que vêm do espaço
interestelar em direção ao Sistema Solar. Então, abruptamente, sua
velocidade despenca, formando uma espécie de fronteira dessa bolha.
Essa fina região é chamada de choque de terminação.
Explorador dos Limites Interestelares
Bem, pelo menos esta é a teoria. Só que esta região nunca foi
realmente “vista” ou medida. É o que os cientistas esperam fazer pela
primeira vez com a sonda espacial Ibex – Interstellar Boundary
Explorer, ou Explorador dos Limites Interestelares. A Ibex foi lançada
no dia 19 de Outubro.
Sonda impressionista
E não teremos que esperar mais 30 anos para que ela chegue até
lá. Em vez de seguir os rastros de uma das históricas sondas Voyager
(cada uma delas foi para um lado do Sistema Solar), a Ibex tentará
pintar um quadro da heliosfera como um pintor impressionista pinta um
quadro a partir de incontáveis pequenas pinceladas.
Em vez de pinceladas de tinta, a Ibex fará sua própria pintura
da fronteira do nosso Sistema Solar usando átomos. Ela possui dois
sensores, um de cada lado. Cada vez que um átomo energético neutro
atingir um dos sensores, ele será gravado. Ao final de seis meses de
coleta de dados, graças a um sofisticado e preciso mecanismo de
rotação, os cientistas terão um quadro dos 360º da esfera celestial.
Átomos e campos magnéticos
Um átomo precisa estar carregado eletricamente para ser
influenciado pelos campos magnéticos presentes no espaço. Normalmente
as cargas elétricas positivas na parte central do átomo, o núcleo, são
equilibradas por igual número de cargas elétricas negativas girando ao
seu redor, os elétrons.
Neste caso, o átomo é eletricamente neutro e não responde aos
campos magnéticos. Contudo, algumas vezes um átomo ganha ou perde
elétrons, transformando-se em um íon – um átomo eletricamente
desbalanceado. Os íons sofrem a ação dos campos magnéticos, podendo ser
desviados ou acelerados por eles.
Átomos neutros energéticos
A maior parte dos íons que vêm do espaço interestelar são
desviados pelo campo magnético do vento solar. Mas átomos neutros de
baixa energia vindos do espaço interestelar também podem “marcar”
prótons energéticos que estão girando ao redor das linhas magnéticas do
vento solar.
Essa alteração cria os chamados átomos neutros energéticos
(ENA: energetic neutral atoms). Como cargas opostas se atraem, um
elétron salta de um átomo neutro para o próton positivamente carregado
quando os dois passam muito próximo um do outro. O próton passa a ter
um elétron para equilibrar sua carga e se torna um átomo neutro
energético.
Os átomos neutros energéticos que estiverem apontando na
direção da Terra no momento dessa troca de cargas são o alvo da sonda
Ibex, que pretende capturá-los com seus dois sensores.
Pinceladas atômicas
Como os átomos neutros energéticos não são mais influenciados
pelos campos magnéticos, eles continuarão viajando em direção à Terra
em uma linha praticamente reta, sofrendo apenas uma leve deflexão pelo
campo gravitacional do Sol.
Isto permitirá que a Ibex construa gradualmente um quadro da
zona de choque de terminação utilizando suas “pinceladas atômicas”
porque os cientistas acreditam que a maioria dos átomos neutros
energéticos que vêm em direção à Terra originam-se do aquecimento do
vento solar quando ele cruza o choque de terminação.
Agora é só esperar seis meses para que essa obra
impressionista espacial esteja pronta e possamos ver pela primeira vez
o aspecto dessa “bolha espacial” que envolve o nosso Sistema Solar.
Estude nas melhores sem sair de casa
As melhores faculdades com ofertas super especiais para você começar a estudar sem sair de casa.