A gripe suína e o vírus influenza
A
gripe suína, que já infectou aproximadamente 20 mil pessoas em mais de
60 países e provocou cerca de 120 mortes, deixou em alerta autoridades
de saúde do mundo inteiro. O tema tem aparecido diariamente no
noticiário e pode ser usado como ponto de partida para o estudo das
características dos vírus e das formas de prevenção, propagação e
tratamento da gripe em geral.
O professor
Antônio Luiz Portela, mais conhecido como Luizão, dá aulas de Biologia
no Curso Dom Bosco e explica alguns fatos que o vestibulando precisa
recordar. Os vírus são organismos que não apresentam células: são
formados por um capsídeo (cápsula de proteínas, ligadas a lipídios ou
glicídeos), envolvendo o ácido nucleico, que pode ser o ácido
ribonucleico (RNA) ou o desoxirribonucleico (DNA).
Os vírus não apresentam organelas celulares, como mitocôndrias
(responsáveis pela produção de energia) e ribossomos (orgânulos que
sintetizam proteínas). Por esse motivo, só conseguem reproduzir seu
material genético e realizar as demais atividades metabólicas quando
parasitam as células de outros organismos. Segundo Luizão, os vírus
podem atingir o interior das células de três formas diferentes. “O
vírus pode deixar todo o conjunto de sua cápsula fora da célula,
introduzindo apenas o seu material genético; pode entrar com a cápsula;
ou pode entrar envelopado, com um pedaço da membrana da célula
hospedeira”, observa.
No interior da célula, o material genético se replica e comanda a
síntese de proteínas da cápsula, dando origem a novos vírus, que irão
infectar novas células. O professor ressalta que os vírus podem
utilizar dois tipos de ciclos para a sua reprodução: o lítico, quando
destroem as células que os hospedam, e o lisogênico, em que o DNA ou
RNA viral se incorpora ao DNA da célula infectada, reproduzindo-se a
cada divisão celular.
Gripe
A gripe é causada pelo vírus influenza, que pode ser classificado em
três tipos: A, B ou C. O tipo C provoca doenças respiratórias brandas.
Ele não causa epidemias (quando uma doença se desenvolve num local de
forma rápida), ao contrário do B. O tipo A é o mais grave e pode
provocar pandemia (de maior proporção em relação à epidemia), além de
envolver hospedeiros animais. Esse vírus apresenta vários subtipos,
entre eles o H2N2, o H3N2 e o H1N1, causador da gripe suína.
O vírus clássico da gripe suína foi isolado pela primeira vez em
1930. De acordo com o professor do Dom Bosco, o vírus que tem assustado
a população mundial é um híbrido, com componentes da gripe humana e da
gripe aviária. “O novo vírus da gripe suína é tão agressivo como o da
gripe aviária e tão contagioso como o da gripe humana”, afirma. Ele
explica que o vírus pode tornar-se hibrido quando mais de uma cepa
(tipo de vírus) parasita uma mesma célula e seus materiais genéticos se
combinam, dando origem a uma nova forma.
O influenza é um vírus de RNA, assim como aqueles que causam a aids,
a poliomielite, a raiva e a encefalite. No caso do vírus da gripe, o
RNA viral se multiplica dentro da célula e orienta a formação de um RNA
mensageiro, que comanda a síntese das proteínas da cápsula. Cópias do
micro-organismo brotam da superfície da célula infectada, levando
consigo um pedaço de membrana (envelope). Eles podem provocar a
“explosão” da célula, mas muitas vezes não a destroem. Já os
retrovírus, como o causador da aids, contêm a enzima transcriptase
reversa, capaz de produzir um DNA a partir do RNA viral. O DNA passa
para o núcleo da célula hospedeira, onde se liga ao cromossomo e
comanda o processo de síntese proteica e de formação de outros RNA
virais. Os novos vírus são, então, envolvidos por fragmentos da
membrana celular da célula hospedeira e liberados no organismo.
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