Amor em tempos de vestibular
Aula de manhã, de tarde, às vezes, também de noite. No feriado,
aula-extra ou reposição de matéria ou vestibular simulado. O estudante
ainda tem que dar contar da leitura de uma lista com dez livros de
literatura para quem opta pela Universidade Federal do Ceará.
A correria acontece justamente quando você está em pleno início da
juventude. Numa cidade agitada, como Fortaleza, não faltam opções de
festas, paqueras e muita diversão. Primeiro, acontece um fica
descompromissado, que de repente vai se tornando mais sério. Quando
menos se percebe ou está apaixonado e o namoro aparece.
E aí? Como dividir o tempo dos estudos com a garota ou o carinha
que você está gostando? É possível dar conta das equações logarítmicas,
a química orgânica, daquela vírgula que sempre causa dúvida na redação
ou das divisões e das funções de uma célula e, ainda assim, namorar?
Para alguns mais radicais, a resposta é rápida “Namorar na época do
vestibular? De jeito nenhum! Deveria ser proibido!”, disse a secretária
de um colégio. Mas não precisa desses exageros, né?
O Buchicho Teen conta histórias de casais que namoram e garantem
não prejudicar em nada os estudos. Afinal, em meio a tantos números,
gabaritos e apostilas, nada melhor do que carinhos, beijinhos e abraços
para aliviar a alma e dar mais empolgação para se garantir nos estudos.
HISTÓRIAS
Intervalo curto
Luan Phelipe, 17, e Vanessa Lauanna, 16, mudaram a rotina do namoro
depois que Luan entrou no ritmo de estudar para o vestibular. Eles
estão juntos há um ano e quatro meses. Ela ainda está no segundo ano;
ele se prepara para prestar vestibular para Ciências Contábeis e
Administração.
Antes, eles se viam pelo menos três vezes por semana. Saiam juntos
na sexta, sábado e domingo. Com a necessidade de colocar a matéria em
dia, teve de se adaptar aos encontros semanas, geralmente aos sábados.
“Foi complicado se acostumar a se ver menos. A gente passa muito
tempo sem se ver. Mas está dando certo. É um ano mais apertado mesmo”,
pondera Luan.
Mas Luan também foi esperto. Sabendo que o ano seria mais
apertado, transferiu-se de colégio. Antes, eles estudavam em escolas
diferentes. Agora, eles podem se ver, pelo menos, todos os dias na hora
dos intervalos. “Mas é só um lanche e uma conversa. Pergunta como foi o
dia. Não dá para nada. É muito curto, apenas vinte minutos”, lamenta.
“Também não pode namorar dentro do colégio. Não pode abraçar, dar
beijos. Mas na hora da saída, fora do colégio, pode”, ri Vanessa. Ela,
apesar de estar no segundo ano, não achou tão ruim o ritmo acelerado de
estudo do namorado.
Como quer prestar vestibular para Medicina, desde o ano passado,
ela estuda acima da média, para garantir sua vaga. O rendimento nos
estudos de ambos melhorou com o namoro. “Eu encaro os estudos de forma
bem séria. Eu sei o que eu quero da minha vida”, conclui Vanessa.
Namoro caseiro
“É complicado, principalmente agora na reta final. Não dá para a
gente se ver como antes. Namoro no terceiro ano não é muito normal. A
gente tenta levar da melhor forma possível”, justifica a estudante
Thaís Teles, 17, estudante do segundo ano do Ensino Médio. O namorado
dela, Paulo Sérgio Barreto, 18, vai fazer vestibular para Engenharia
Mecânica este ano.
O casal já namora há dois anos. Antes, quando Paulo estava fora da
vida pré-universitária, eles saiam todo o final de semana para as
maiores curtição de Fortaleza. “A gente saía para show, para farras,
curtições. Saía sexta, sábado, domingo, às vezes, terça e quarta. Agora
é preciso o sacrifício”, fala Paulo.
No começo do namoro, a mãe de Paulo achava que o rendimento dele
nos estudos iria diminuir. Mas não aconteceu. “Sou um dos primeiros da
sala”, gaba-se. Como quer muito passar no vestibular de primeira, o
ritmo de estudo de Paulo é intenso. “Tem dias que eu tenho aula no
sábado de sete da manhã às cinco da tarde. Só sobra o sábado à noite e,
às vezes, o domingo”, diz Paulo.
Hoje, o namoro de Paulo e Thaís é bem caseiro e familiar. “É muito
bom para ele e para mim. Namoro tem a vida toda, vestibular é só um
ano. Ele vem aqui em casa e, às vezes, resolve também algum exercício,
me ajuda”, conclui Thaís, que, no próximo ano, enfrentará o mesmo
rojão. Pelo menos o casal já está acostumado.
Viver o presente
O cotidiano do casal Rodrigo Alves, 17, e Marianna Theali, 17, não
é nada fácil. Além de ambos estarem na correria do terceiro ano e terem
de se virar para dar conta da quantidade de matérias, eles ainda
precisam arranjar um tempinho para se encontrem. O problema é que,
apesar de estudarem no mesmo colégio, eles não estão matriculados no
mesmo turno. Rodrigo estuda pela manhã; Marianna, pela tarde.
A solução mais viável está nos encontros durante o intervalo entre
as aulas, ou seja, na hora do almoço. Mas nem sempre é tão fácil assim.
“Dia de terça-feira, por exemplo, eu tenho aula o dia todo. De manhã,
de tarde e de noite”, explica Rodrigo, futuro engenheiro mecânico. Não
sobra nem o fim de semana. No sábado, tanto Rodrigo quanto Marianna
realizam provas pela manhã e fazem um curso de literatura à tarde.
Resta o sábado à noite. “A gente vai principalmente para o shopping. É
mais fácil, mais perto. Dá para comer alguma coisa”, comenta Marianna,
que pretende cursar Administração.
O casal curte festas e saídas à noite. Mas agora, na reta final do
vestibular, eles deram um tempo. Por isso não saem muito para a balada.
Rodrigo e Marianna começaram a namorar há apenas três meses e ainda não
tiveram oportunidade de curtirem juntos a noite.
Aproveitam para estudar juntos também. “Ele prometeu me ensinar
matemática, porque sabe muito”, comenta Marianna. Para Rodrigo vale
muito a pena o relacionamento sacrificado e garante não comprometer os
estudos. “Em toda experiência você está amadurecendo na vida. Eu acho
válido, porque a gente está pensando em nosso futuro e não deixa de
viver o presente, é só tenta conciliar”, conclui.
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