Como funciona a correção do ENEM?
O Enem é bem diferente do modelo de prova ao qual estamos acostumados. A correção segue uma lógica bem mais complexa, com pesos distintos para cada questão, análises de coerência pedagógica, padrões para identificar chutes e mais uma série de detalhes capaz de deixar qualquer um de cabelo em pé!
Aquela correção comum da escola, em que o professor apenas somava os acertos, não existe aqui. O sistema de avaliação faz uma análise individualizada de todos os participantes e vai atribuindo notas diferentes a cada questão.
Por isso é comum encontrar, por exemplo, pessoas que acertaram a mesma quantidade de questões, mas obtiveram nota final bem diferente. Ou gente que está fazendo o Enem pela segunda uma vez, acertou menos questões que no ano passado e conseguiu uma nota mais alta!
Por que isso acontece? O que está por trás do modelo de correção do Enem? Por que é impossível zerar nas provas objetivas? Por que não tem como tirar nota máxima nas objetivas mesmo que todas as questões sejam acertadas? A redação é corrigida uma a uma?
Vamos desvendar esses e outros tantos mistérios do Enem a seguir. Acompanhe!
Ler também: Descubra quantos pontos vale cada questão do Enem
Como é feita a correção das provas objetivas do Enem
O Enem possui 180 questões objetivas de quatro áreas do conhecimento:
- Matemática e suas Tecnologias
- Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
- Ciências Humanas e suas Tecnologias
- Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Ao final da prova, cada estudante preenche um cartão-resposta. Esses cartões são encaminhados para uma empresa especializada e passam por uma leitura feita por computador.
Em seguida, os resultados são enviados para uma base de dados e três equipes diferentes de especialistas (estatísticos, matemáticos e psicometristas) fazem uma análise bem detalhada. É nesta etapa que o bicho pega!
Os resultados do Enem são submetidos a um modelo de análise chamado Teoria de Resposta ao Item (TRI). A TRI ajuda a medir o nível de conhecimento do aluno em cada área do conhecimento levando em conta três aspectos:
1) Dificuldade do item apresentado
2) Diferenciação (discriminação) de conhecimento entre estudantes
3) Análise de acerto casual (o famoso chute!)
Como o objetivo principal do Enem é avaliar todo o conhecimento acumulado nos três anos do ensino médio, os especialistas sabem que não é possível atribuir o mesmo peso a cada uma das 180 questões.
O sistema de correção está programado para entender que quanto maior o conhecimento do aluno em determinado tema, mais chances ele tem de acertar as questões difíceis (que valem mais pontos). E se isso for verdade, ele vai conseguir acertar as questões fáceis e médias também!
Por isso, se em uma das provas você errar questões mais fáceis e acertar as mais difíceis, vai perder pontos na nota final, pois a TRI interpreta que você não tem conhecimento pleno naquela área e provavelmente chutou as respostas.
É isso que faz com que participantes com o mesmo número de acertos na prova tenham notas distintas. Os que apresentarem um comportamento mais coerente ganharão mais pontos ao final.
E agora, um alerta. Mesmo que você não saiba resolver uma questão, é melhor chutar alguma coisa no cartão-resposta. É que as questões deixadas em branco são contadas automaticamente como erro!
Nota final X número de acertos
Embora o Enem tenha toda essa matemática complicada, o fato é que um grande número de acertos na prova vai, sim, gerar uma boa nota final. O que o sistema de avaliação faz é aumentar ou diminuir o valor de cada item de acordo com a leitura da coerência pedagógica.
Mesmo assim, não tem como calcular a nota apenas comparando o gabarito. Com ele, você pode apenas ter uma ideia do número de acertos e fazer uma estimativa simples. O jeito é segurar a ansiedade até a divulgação dos resultados finais.
Como é feita a correção da Redação
A avaliação da redação é feita de forma bem diferente das provas objetivas. Todas as redações dos milhões e participantes são lidas e avaliadas uma a uma por uma equipe bem grande de avaliadores.
As redações são analisadas assim:
- Pelo menos dois avaliadores diferentes corrigem a redação. Eles não têm acesso à avaliação do outro.
- Cada avaliador analisa o texto com base em cinco competências diferentes:
•
- Domínio da língua formal escrita.
- Compreensão do tema e aplicação de diferentes conceitos dentro da estrutura de um texto dissertativo-argumentativo.
- Seleção, organização e interpretação de informações, fatos, opiniões e argumentos na defesa do ponto de vista.
- Uso de mecanismos linguísticos para construção da argumentação.
- Elaboração da proposta de intervenção para o problema, respeitando os direitos humanos.
- Cada avaliador atribui de 0 a 200 pontos para cada uma das cinco competências, totalizando, no máximo, 1.000 pontos.
- A nota da redação será a média aritmética da pontuação atribuída pelos dois avaliadores.
Quando há uma diferença muito grande entre as notas dos dois avaliadores, a redação é submetida a uma terceira avaliação.
Se a terceira avaliação ainda for muito diferente, a redação vai para uma quarta análise, formada por uma banca com três corretores. A nota final será definida ali.
É possível tirar zero nas provas?
Sim, mas apenas na redação. O candidato recebe zero quando:
- Foge do tema proposto.
- Deixa a folha de redação em branco.
- Não obedece à estrutura dissertativa-argumentativa pedida.
- Não desenvolve mais de sete linhas.
- Usa palavrões, textos desconexos ou outras formas propositais de anulação.
- Desrespeita dos direitos humanos.
Não tem como tirar zero nas provas objetivas, pois o sistema de avaliação atribui notas máximas e mínimas a cada área de conhecimento, então o candidato inscrito já faz a prova com uma pontuação inicial. Fora que, estatisticamente, é muito difícil errar todas as 180 questões. Isso só acontece com quem entrega o cartão-resposta em branco.
Tirar1.000 pontos nas provas objetivas também é muito raro, por um motivo semelhante: as notas máximas atribuídas a cada prova geralmente ficam abaixo de 1.000. Como a nota final das objetivas é obtida pela média aritmética das quatro provas, fica bem difícil alcançar o valor máximo.
Curiosidades sobre a correção do Enem
- A metodologia da Teoria de Resposta ao Item não é exclusividade do Enem! Ela é aplicada em avaliações de grande escala em países como Estados Unidos, Holanda, França, China e Coreia do Sul.
- Um exame muito conhecido que utiliza o TRI é o TOEFL – exame de proficiência em língua inglesa.
- O “peso” das questões, ao contrário do que pensamos, não tem um valor fixo. Ele é, na verdade, um grau de complexidade atribuído ao padrão de coerência pedagógica de cada participante.
- A sua nota é individual, não varia de acordo com o desempenho dos outros estudantes.
- Toda análise é feita de forma anônima. Ou seja: o avaliador não tem como saber de quem é a prova que ele está corrigindo.
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