Cursinhos falam em invasão
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A ampliação da presença de estudantes de outros Estados na Universidade
Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) desagradou aos
diretores dos principais cursinhos pré-vestibular do Rio Grande do Sul.
Eles consideram que o fenômeno contraria a política defendida pelo
próprio Ministério da Educação de ampliar o acesso à universidade.
Isso porque, ao permitir que alunos de São Paulo e Rio de Janeiro
concorram em pé de igualdade com candidatos gaúchos, o Enem não levaria
em conta as diferenças regionais, o que agravaria ainda mais
desigualdades sociais, na visão dos diretores dos cursos preparatórios.
– Alunos oriundos de cidades economicamente menos favorecidas terão
menos chances de passar no Enem. Se o Enem fosse adotado por todas as
universidades federais, poderíamos no futuro ver o país dividido por
profissão. Só os paulistas seriam médicos, os gaúchos ficariam com a
Engenharia e o que sobraria para os nordestinos? – questiona Paulo
Renato Mottola, diretor do Mottola Pré-Vestibular, de Porto Alegre.
Alunos de outros Estados poderiam ampliar evasão
Mottola diz ter ficado preocupado com o desempenho dos alunos na prova
do MEC. Mesmo aqueles que obtiveram uma nota excepcional ficaram abaixo
do ponto de corte para ingresso na Medicina da UFCSPA e não conquistaram
uma vaga.
Além disso, ressalta, a proporção de alunos bem preparados de São Paulo,
por exemplo, é bem maior que a do Rio Grande do Sul. Haveria, portanto,
uma distorção quantitativa na disputa, que acaba resultando no maior
número de estudantes de fora do Estado em universidades gaúchas.
– Estamos entregando uma de nossas melhores universidades, feita pelos
gaúchos, para o resto do Brasil. E por que razão? Para a UFCSPA se
eximir de fazer um vestibular – critica o professor de Física Ênio
Kaufmann, diretor do Unificado.
Na avaliação do professor Gilberto Kaplan, diretor do Universitário, a
migração de estudantes de outros Estados pode, no futuro, aumentar a
evasão. Ele ainda aponta outros problemas:
– A prova em si não é adequada. Não aborda temas locais, deixa a desejar
em termos de conteúdo e é muito, muito extensa. Talvez estejam aí os
motivos pelos quais nenhuma universidade séria aderiu completamente ao
Enem.
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