Segundo alguns relatos da lenda, o Curupira é um menino de cabelo vermelho da cor do fogo com os pés virados para trás, que defende as florestas e animais silvestre dos caçadores e dos desmatadores.
Em outros casos, ele seria uma figura pequena e seu cabelo seria literalmente fogo, além de ter sua pele coberta por marcas e montar um porco do mato. De lei, ele tem sempre os pés virados e é conhecido como o guardião da mata.
Independente de como a história é contada, o personagem é uma das lendas folclóricas mais populares que compõe a identidade e o imaginários dos brasileiros.
Você sabia que o primeiro registro que se tem escrito da sua história já tem mais de 550 anos? Conheça abaixo esta e outras curiosidades sobre uma das lendas mais famosas do folclore brasileiro!
A história do Curupira
O Curupira é um menino – para alguns, anão – de cabelo vermelho da cor do fogo com os pés virados para trás e os calcanhares para frente. Forte e poderoso, alguns lugares retratam o mito folclórico com bastante pelo e dentes verdes.
Guardião das florestas e dos animais que vivem na mata, o Curupira, é responsável por protegê-la da ação destrutiva dos seres humanos, insurgindo contra todos que ameaçam a mãe-natureza. Por esta razão, ele era visto com temor pelos indígenas, que o chamaram de “demônio da floresta”.
O Curupira apavorava a todos. É dito que ele tirava a vida dos caçadores e lenhadores que adentravam as matas para caçar os animais por diversão, ou para desmatar as florestas.
Embora a lenda fale que o Curupira não castigava aqueles que caçavam para matar sua fome, temendo sua presença, quando os indígenas se afastavam de suas aldeias, passaram a oferecer oferendas como comida, flechas, fumo e cachaça – seus presentes favoritos -, na tentativa de agradá-lo e resguardar suas vidas.
O comportamento herdado dos indígenas, é observado ainda hoje entre seringueiros e outros extrativistas que levam presentes a figura folclórica quando adentram as matas.
Para proteger a floresta e seus animais, o Curupira usava das mais diferentes artimanhas. Entre elas, estava a de se transformar em bichos, como a onça e o tatu, para levar os caçadores nas entranhas da mata, onde ficavam perdidos sem reconhecerem o caminho de voltar para casa.
Com a pretensão de atrair suas vítimas, o Curupira chamava os caçadores com gritos que imitam a voz humana, não contente, ele aproveitava de sua habilidade para assobiar e assim fazia sistematicamente. Através de sons e assovios agudos, ele era capaz de torturar aqueles que ousavam prejudicar a floresta.
Encontrar o Curupira é uma missão impossível. Seus pés virados para trás, além de servirem para despistar caçadores e lenhadores, deixam falsos rastros. Assim, ao pensarem que estão se aproximando dele, na verdade, quem danifica as florestas está se afastando.
O Curupira aparece com frequência montado em um porco do mato, enganando os caçadores que ousam tentar encontrá-lo. Reza a lenda, que ele vive dentro de uma árvore, e se um dia você sentir sua presença, o melhor a fazer é sair correndo, pois quem o encontrou nunca mais foi o mesmo.
Habitante do interior da floresta densa, diz a lenda, o Curupira adora descansar nas sombras das mangueiras e bem longe da presença humana, no entanto, se nota estar sendo observado, ele foge em velocidade sobre-humana.
A lenda diz que o Curupira é capaz de ressuscitar os animais assassinados pelos caçadores, poder que faz com que ele vença a própria morte, e assim, mesmo nos ambientes mais sombrios da floresta, a figura folclórica devolve a vida.
Qual a origem da lenda do Curupira?
É impossível precisar sua origem. O que se sabe, é que foi uma história surgida entre os povos indígenas, sendo, uma das lendas mais antigas do nosso folclore. Em uma carta de 1560 escrita na cidade de São Vicente (SP), o padre José de Anchieta, fez a primeira menção a Curupira:
“É cousa sabida e pela boca de todos corre que há certos demônios, a que os Brasis chamam corupira, que acometem aos Índios muitas vezes no mato, dão-lhes de açoites, machucam-os e matam-os. São testemunhas disto os nossos Irmãos, que viram algumas vezes os mortos por eles. Por isso, costumam os índios deixar em certo caminho, que por ásperas brenhas vai ter ao interior das terras, no cume da mais alta montanha, quando por cá passam, penas de aves, abanadores, flechas e outras cousas semelhantes como uma espécie de oblação, rogando fervorosamente aos curupiras que não lhes façam mal.
Outros relatos sobre o Curupira foram surgindo por padres jesuítas entre os séculos que se seguiram – XVI e XVIII – de norte a sul do Brasil, reforçando a ideia que era uma lenda famosa e disseminada em todo o país.
Conforme a lenda se difundia, o Curupira foi passando a ser conhecido por outros nomes, do Maranhão para o sul até o Espírito Santo, em muitos lugares, ele é chamado de Caipora, por exemplo. Muitos dizem que Caipora e Curupira, no entanto, são entidades diferentes.
Alguns pesquisadores afirmam que a lenda apareceu entre povos indígenas que habitavam a região Norte e foi sendo transmitida para outros povos, como os caraíbas e tupis-guaranis. O fato é que existem outras lendas como a do Curupira em diferentes culturas latino-americanas.
Na Argentina e no Paraguai, o guardião da floresta é conhecido como Curupi, todavia, diferente da folclorização brasileira, onde o personagem é visto como uma criança, nesses países, há uma erotização de sua figura.
Características do Curupira
Guardião das florestas, suas características físicas são velhas conhecidas da cultura popular, visto que a lenda do Curupira está inserida no nosso imaginário desde a infância.
O Curupira é um ser baixo – e vem daí a dúvida que indaga aos fãs do folclore: é uma criança ou um anão? – e seus cabelos são vermelhos como o fogo.
O Curupira tem os seus pés virados para trás e os calcanhares para frente, a fim de que possa enganar aqueles que querem destruir a floresta.
Dependendo do lugar onde a lenda é contada, o Curupira é descrito como uma figura peluda, orelhuda, com dentes verdes e unhas compridas. No entanto, não importa o local, é consenso que ele apresenta uma força física sobrenatural.
De onde vem o nome Curupira?
Se sabe que o nome Curupira provém do tupi, mas seu significado diverge entre os próprios estudiosos da língua. A versão mais conhecida, é de que ele procede de curu, contração de corumi, que significa “menino”, e pira, “corpo”, sendo assim, “corpo de menino”.
Outras versões afirmam que deriva do termo kuru’pir, “coberto de pústulas” ou da contração de kuruba, “sarna” e pira “pele”, significando “pele de sarna”.
A importância do Curupira no folclore brasileiro
As figuras folclóricas têm como uma de suas principais características o despertar de algum sentimento nas pessoas, que acaba as colocando para refletir sobre seus hábitos e atitudes, com o Curupira não é diferente, sua lenda faz um aceno à preservação das florestas.
Sua história é a continuação do saber popular que mantém vivo o legado de uma época e de um povo e, vem sendo passada de geração em geração conservando a cultura de nossos antepassados.
A importância do Curupira no folclore brasileiro é tamanha, que já foi abordada em nossa literatura inúmeras vezes, em obras como Macunaíma, do poeta e escritor Mário de Andrade. Câmara Cascudo, Monteiro Lobato e Maurício de Souza, apenas para citar alguns, são outros autores interessados pela riqueza da história da personagem.
Curiosidades sobre o Curupira
Confira outras curiosidades sobre a lenda do folclore brasileiro:
Para escapar do Curupira, a lenda diz que a pessoa deve fazer um novelo com cipó e esconder bem a ponta, assim, ele ficará tão entretido tentando desenrolá-lo em busca da ponta, que a pessoa acabará conseguindo fugir e encontrar o caminho para casa.
Algumas versões da lenda, dizem que o Curupira pode se apaixonar pela inocência e doçura das crianças e levá-las para viver com ele na floresta, as devolvendo para família apenas após sete anos, depois de revelar a elas, os mistérios da natureza.
Em 17 de julho, Dia da Proteção às Florestas, também é celebrado o dia do Curupira, guardião das florestas brasileiras.
Em 11 de setembro de 1970, no estado de São Paulo, o então governador, Roberto Costa de Abreu Sodré, promulgou a lei que instituiu o Curupira como “símbolo estadual do guardião das florestas e dos animais que nela vivem”.
Imagens do Curupira
Se tratando de uma lenda tão antiga e que passou por muitas visões e versões dentro da cultura do folclore brasileiro, não há uma descrição exata e unânime de como o Curupira é.
Com a divulgação das crenças e das característica passadas que vimos anteriormente, muitos artistas já buscaram retratar o mito e ele já foi até representando nas telas em uma produção nacional recente, “Cidade Invisível”, da Netflix.
Confira algumas imagens com possíveis aparências do Curupira:
Curupira – Arte por Gustavo GarcezCurupira sobre o javali – arte por: Eduardo Duval, Frata Soares e André Leão)Curupira de Cidade Invisível, da Netflix. Representado por Fábio Lago.Curupira – Imagem: Reprodução/MEC
Conclusão
A figura do Curupira se tornou algo tão grandioso que, hoje em dia, extrapolou a literatura e é parte da cultura pop, estando presente também no audiovisual. O personagem é figurinha carimbada do público infantil em séries como “Sítio do Picapau Amarelo”, exibida originalmente pela TV Tupi (1952) que ganhou adaptações da TV Globo (1977/2001).
Mais recentemente, a série Cidade Invisível da Netflix, renovada para sua segunda temporada, trouxe o personagem vivido por Fábio Lago, como uma entidade muito poderosa e importante para a trama.
Agora que vimos muito sobre o Curupira, conte para nós: está concluindo o ensino médio e não escolheu sua faculdade? Não se preocupe, nós temos sua saída!
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