Decoreba e vestibular
Ainda que a interpretação e a lógica sejam mais solicitadas nos
exames atuais, certas questões ficam mais fáceis se o vestibulando
tiver fórmulas e regras fresquinhas na memória. No entanto, saber as
fórmulas não significa saber aplicá-las.
Foi-se
o tempo em que para ir bem em algumas provas do vestibular bastava
decorar meia dúzia de fórmulas e aplicá-las de acordo com o enunciado.
Mas ainda que a interpretação e a lógica sejam mais solicitadas nos
exames atuais, certas questões ficam mais fáceis se o vestibulando
tiver fórmulas e regras fresquinhas na memória. Nesses casos, melhor
nem tentar fugir da decoreba.
Caio Sérgio Calçada, coordenador
de cursinho do Objetivo, em São Paulo, diz que algumas provas já dão as
fórmulas necessárias: “Na Fuvest, por exemplo, há um box com as que
precisam ser usadas na questão. Para os que não dão nada, os
professores de cursinho costumam ensinar uma frase, uma piada, uma
musiquinha. É um recurso para ajudar o aluno a memorizar”.
Segundo
Calçada, o mais usado na biologia são as músicas – paródias ou criações
dos próprios professores -, nas quais se explicam algumas regras. “Na
química, costuma-se colocar fórmulas em versinhos. O mesmo ocorre com a
matemática”, diz o professor, antes de lembrar uma dica. Para memorizar
a fórmula do seno de a mais b (sen (a + b) = sen a . cos b + sen b .
cos a), os professores de matemática ensinam o seguinte versinho,
adaptado do famoso poema Canção do Exílio:
Na minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
Seno a cosseno b, seno b cosseno a
Professor
de física, ele diz que todos os anos cai alguma questão de
eletromagnetismo na qual é necessário usar a fórmula do raio da
trajetória da partícula lançada num campo magnético (r = m . v / q . B,
na qual r é o raio da trajetória, m é a massa da partícula, v é a
velocidade, q é a quantidade de eletricidade e B é o campo magnético).
Para lembrar essa, ensina Calçada, basta pensar na frase “Rabib (sic),
me vê um quibe”.
Mesmo sem lembrar o que dizem as leis de
Newton, o candidato pode calcular a força resultante sobre um corpo de
massa constante com aa fórmula F = m . a (F é força, m é massa e a é
aceleração). “Essa é bem fácil: a força é má”, sugere o professor.
Calçada
reforça que saber as fórmulas não significa saber aplicá-las. “Mais
importante do que decorá-las é saber o conceito, estudar o conteúdo e
fazer aplicações. Ninguém passa no vestibular sem isso”. Calçada
compara os recursos de memorização aos atalhos de programas de
computador no desktop. “A frase, a musiquinha é um ícone, um atalho
para se chegar à fórmula. Se não souber mexer nele, de nada adianta
facilitar o acesso”.
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