Geofísico explora o interior da terra para descobrir a riqueza do subsolo
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Antes mesmo de começarem as aulas, a disciplina
do professor Manuel Iván Zavallos Abarca já provoca discussão nos
corredores da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), campus de
Caçapava do Sul.
Peruano, ele é responsável pela cadeira de sismologia do curso de
Geofísica. Trata-se da área que estuda os sismos (tremores de terra), as
suas causas e os seus efeitos. Manuel já consegue ver a sala de aula
lotada, com estudantes atentos às explicações sobre fenômenos como os
registrados no Haiti e no Chile.
– Pois é, estamos na moda agora. O interesse pela sismologia está
incrementado, é só o que se comenta por aqui, e nem começaram as aulas
ainda. O semestre promete render muito – diz o professor.
A Unipampa é a única no Estado a oferecer essa graduação. A
instituição foi a quinta universidade brasileira a oferecer Geofísica. O
curso funciona desde 18 de setembro de 2006 no campus de Caçapava do
Sul, região que é foco de estudos de geocientistas. Até então, a opção
existia apenas na Universidade Federal da Bahia, na Universidade Federal
Fluminense, na Universidade Federal do Pará e na Universidade de São
Paulo.
– A geofísica, de uma forma simplória, pode ser explicada pelo
próprio nome, uma união da geologia com a física. Estudamos os materiais
terrestres, como as rochas, a partir das propriedades físicas desses
materiais – conta o professor César Augusto Moreira.
Pré-sal aquece mercado de trabalho
Ele explica que a ciência pode ser aplicada em diversas áreas, como na
Engenharia Civil, na Meteorologia, nas telecomunicações e na exploração
de minérios e de petróleo. Aliás, é o petróleo que mais absorve
geofísicos no Brasil, e a perspectiva do pré-sal alimenta a expectativa
de um mercado de trabalho aquecido pelos próximos anos.
Mas pode estar em solo gaúcho um bom motivo para os primeiros
formandos da Unipampa, que concluem o curso no meio deste ano, ficarem
por aqui. Segundo o professor Moreira, houve uma retomada de pesquisas
na região de Caçapava a partir de 2000. Minas fechadas devem ser
reabertas graças ao trabalho de geofísicos.
Quem torce por essa possibilidade é a estudante Ana Carolina Oliveira
dos Santos, 21 anos. Ela é um dos oito primeiros alunos de Geofísica
que vão se formar neste ano no Estado. Natural de Caçapava do Sul, ela
sempre foi boa no colégio em matemática, física e geografia. Quando
descobriu a graduação que unia essas disciplinas, não teve dúvida.
– É uma das possibilidades ficar aqui na região. Temos reservas de
calcário e uma mina de cobre. Mas sei que o Rio de Janeiro segue como um
grande destino quando se atua com a exploração petrolífera – afirma
Ana.
Terremotos no Brasil?
De acordo com o professor Manuel Iván Zavallos Abarca, professor de
sismologia na Unipampa, chegará a vez do Brasil sentir o efeito dos
terremotos. O pior é que o Rio Grande do Sul está bem na rota desse
fenômeno. Segundo ele, será algo para nos preocuparmos daqui a 200 anos.
– Não será pelos mesmos motivos dos terremotos do Chile e do Haiti.
Naqueles locais, foi por causa do atrito entre placas tectônicas. E o
Brasil está bem no meio de uma dessas placas – diz o especialista.
Segundo ele, o problema para os gaúchos chama-se Bacia do Paraná. Uma
bacia sedimentar que está sob o centro-sul do Brasil, pegando também
partes da Argentina, do Uruguai e do Paraguai. Trata-se de uma depressão
na superfície que, com o tempo, foi sendo preenchida por sedimentos de
vários tipos.
– Com a força da gravidade, esses sedimentos vão afundando aos
poucos, cada vez mais. Essa dinâmica é que deverá provocar terremotos –
explica.
Geofísica
– O que faz: investiga as propriedades físicas do interior da Terra.
Estuda partes profundas do planeta, utilizando instrumentos e métodos
como gravitacional, magnético, elétrico e sísmico para obter informações
úteis sobre a estrutura e composição de zonas inacessíveis.
– Mercado: áreas de petróleo, ambiente e mineração são as que mais
se utilizam dos geofísicos, que buscam dados (em escalas global,
continental ou local) que têm relevância, como a previsão de fenômenos
naturais (terremoto, vulcanismo), impacto ambiental, exploração de
recursos naturais, implantação de obras de engenharia civil e
monitoramento de atividades da arqueologia.
– O curso dura quatro anos
– A remuneração segue o piso do engenheiro, de seis salários mínimos
por seis horas de trabalho.
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