O cientista social – Olhares sobre a sociedade
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Todo mundo conhece pelo menos dois sociólogos de renome nacional:
Fernando Henrique Cardoso, presidente entre 1995 e 2003, e Herbert José
de Souza, o Betinho, conhecido pela luta em defesa da reforma agrária e
articulador de campanhas nacionais contra a fome. Mas o que faz o
profissional com graduação em Ciências Sociais? Segundo o coordenador
do curso da UFPR, Alexandro Dantas Trindade, a graduação permite o
acesso a um conhecimento essencialmente crítico. “O cientista social é
estimulado a estranhar a sua própria realidade; ele tem um olhar
diferente do convencional e compreende situações que são inusitadas
para a população em geral”, afirma.
O
curso da UFPR oferece duas opções de habilitação: o bacharelado e o
bacharelado com licenciatura, que habilita o profissional a dar aulas
de Sociologia no ensino médio. O coordenador explica que a graduação
atua em três linhas de frente: a Antropologia, a Sociologia e a Ciência
Política. “Ao fim do curso, o aluno desenvolve uma monografia em uma
dessas áreas”, afirma.
O antropólogo estuda as características biológicas e socioculturais
de grupos de indivíduos, dando ênfase às diferenças entre esses grupos.
Recentemente, de acordo com Trindade, esse profissional tem sido
requisitado em processos de demarcação de terras indígenas e
quilombolas. “O antropólogo estuda a relação ancestral dessas
populações com as terras que ocupam e elabora laudos periciais que irão
apoiar os trabalhos judiciais do Ministério Público”, descreve.
O sociólogo tem uma área de atuação mais genérica, estuda a relação
dos grupos de indivíduos com o contexto em que estão inseridos. Ele
pode trabalhar como consultor em movimentos sociais, partidos políticos
e sindicatos, ou em institutos de opinião pública, como os que realizam
pesquisas com a população. Há ainda oportunidades em empresas públicas.
“Recentemente, a Copel abriu concurso público para sociólogos, que
deveriam atuar como intermediários entre a empresa e as populações
atingidas por barragens”, diz o coordenador. Já o cientista político
consegue colocação principalmente em centros de pesquisa e como
assessor governamental e de partidos políticos.
Empreendedorismo
Formado em 1971 pela PUCPR, Rogério Bonilha, 62 anos, iniciou a
carreira como professor da UFPR e há mais de duas décadas coordena o
Instituto Bonilha – Pesquisa de Opinião e Mercado. “Eu dava aulas de
Metodologia Científica e já desenvolvia pesquisas junto com os meus
alunos da Federal. A Folha de S.Paulo queria fazer alguns levantamentos
aqui no Paraná e pediu que a universidade indicasse um profissional.
Eles sugeriram o meu nome e eu realizei três pesquisas, que foram
publicadas no jornal, sobre a situação política aqui no estado”, conta.
Os estudos desenvolvidos para o veículo colocaram em evidência o
trabalho de Bonilha, que recebeu novas solicitações e decidiu criar o
centro de pesquisas.
Durante muitos anos, ele conciliou o trabalho como professor e como
empresário. Hoje, Bonilha dedica-se exclusivamente ao instituto. “No
período de eleições há uma concentração da demanda por pesquisas.
Traçamos o perfil dos concorrentes e levantamos as demandas em áreas
específicas, como saúde e educação. Com base nessas pesquisas,
sugerimos mudanças ao longo da campanha. É um trabalho estratégico”,
descreve. Segundo ele, a presença do sociólogo é imprescindível no
desenvolvimento de uma pesquisa. “O estatístico faz a análise
quantitativa, mas quem dá a dimensão social para os dados, quem analisa
as informações é o sociólogo”, afirma.
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