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Resumo de Livro

O Velho da Horta: Resumo da obra de Gil Vicente

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Em ‘O Velho da Horta’, Gil Vicente tece uma trama cativante que atravessa o amor, a ilusão e a decadência. Nesta peça única do teatro vicentino, somos conduzidos por diálogos envolventes entre personagens contrastantes, explorando a intricada teia do amor não correspondido. Vamos explorar as nuances desta obra emblemática e mergulhar na profundidade dos conflitos humanos e das dimensões emocionais retratadas por Vicente.

Sobre a Obra

O Velho da Horta” é uma obra do dramaturgo português Gil Vicente, escrita em 1512. Ela se enquadra no contexto da literatura do Renascimento e é considerada uma das farsas mais notáveis desse período.

Gil Vicente é uma figura proeminente na literatura portuguesa, conhecido por suas contribuições significativas para o teatro. Ele foi um dos primeiros dramaturgos a escrever em português, combinando elementos populares com influências eruditas da época.

No contexto histórico, Portugal do século XVI estava passando por mudanças significativas. Era uma época de transição entre a Idade Média e o Renascimento, onde havia uma crescente exploração marítima, descobertas de novos territórios e uma transformação cultural e intelectual.

O Velho da Horta” é uma farsa que retrata os infortúnios do amor do Velho por uma Moça mais jovem. A peça critica as ilusões românticas e as artimanhas que levam à ruína financeira e emocional do protagonista. Gil Vicente utiliza diálogos perspicazes entre o Velho e a Moça para contrastar visões opostas sobre o amor, revelando a ironia e a dureza da situação.

A abertura da peça retrata a tentativa de conquista, evidenciando o contraste entre o lirismo apaixonado do Velho e as respostas irônicas da Moça. Posteriormente, uma alcoviteira surge em cena oferecendo seus serviços para garantir ao Velho o amor da Moça. Sob promessas de sucesso iminente, ela extorque toda a fortuna do Velho. A situação se complica quando a Justiça entra em cena, prendendo a alcoviteira e despedaçando as esperanças do Velho. O desfecho chega com a notícia de que a Moça, objeto da paixão desenfreada do Velho, se casou, deixando-o completamente desiludido.

Uma característica marcante da obra de Gil Vicente é a mistura de elementos cômicos e sérios, aliada à representação de tipos sociais distintos, como a alcoviteira, o Velho apaixonado e a Moça irônica. Sua escrita em versos e o uso de diferentes linguagens para cada personagem são outros aspectos relevantes.

Essa farsa não apenas reflete as questões sociais e morais da época, mas também ilustra a transição cultural e literária que Portugal experimentava no período do Renascimento, mesclando elementos tradicionais com influências renascentistas.

Veja também:
+ Farsa de Inês Pereira: Resumo da obra de Gil Vicente!

Características da obra

O Velho da Horta” de Gil Vicente apresenta várias características marcantes:

Estrutura da obra

Na obra “O Velho da Horta“, Gil Vicente utiliza uma estrutura particular na construção do texto, consistindo em quatro versos em redondilhas maiores, seguidos por um quinto verso com três sílabas métricas. Essa métrica específica proporciona um ritmo peculiar aos diálogos e à narrativa da peça.

Além disso, a maneira como o Velho expressa seu amor pela Moça reflete conceitos e ideias típicas dos poetas quinhentistas, como Petrarca. O Velho utiliza antíteses e explora o conflito entre a razão e o sentimento amoroso, incorporando elementos líricos e poéticos em sua fala, o que reforça a idealização e a intensidade de seu amor não correspondido. Essa interlocução romântica, embora apaixonada, contrasta com a resposta irônica e realista da Moça, criando um jogo de oposições e nuances na trama da obra.

Temática

O tema principal da obra é o amor tardio do Velho pela Moça, que não é correspondido. A peça explora as consequências desastrosas desse amor, destacando as ilusões românticas e os desdobramentos trágicos para o Velho.

Personagens

As personagens em “O Velho da Horta” possuem características marcantes que contribuem para a dinâmica da peça:

Velho: Apaixona-se intensamente pela Moça, expressando seu amor com uma linguagem poética e galante. Deixa-se levar pela paixão, ignorando a realidade e sendo vítima das artimanhas da alcoviteira. Ao final, enfrenta a desilusão amorosa e a ruína financeira, pois gasta toda a sua fortuna em busca de um amor ilusório.

Moça: Responde às declarações do Velho com sarcasmo e ironia, mantendo sua independência e não se deixando iludir por promessas vazias. Não se deixa envolver pelos encantos do Velho ou pelas manipulações da alcoviteira. Casa-se com outro homem, mostrando sua decisão e firmeza.

Alcoviteira (Branca Gil): Aproveita-se da paixão do Velho para enriquecer, prometendo ajudá-lo a conquistar a Moça, mas, na verdade, extorquindo toda a sua riqueza.Explora a situação em benefício próprio, sem considerar o sofrimento do Velho.

Parvo: criado do Velho com pouca cultura, limitando-se a chamar-lhe às realidades primárias da vida (o comer)  incapaz de compreender grandes dramas.

Alcaide: antigo oficial de Justiça.

Beleguins: agentes de polícia.

Resumo da Obra

A ação se inicia quando a Moça vai à horta do Velho buscar hortaliças, e este se apaixona perdidamente por ela. No diálogo entre ambos estabelecem-se dois planos de linguagem: a linguagem galanteadora do Velho, estereotipada, repleta de lugares-comuns da poesia palaciana do Cancioneiro Geral, cujo artificialismo Gil Vicente parodia ironicamente, e a linguagem zombeteira e às vezes mordaz da Moça que não se deixa enganar pelas palavras encantadoras do pretendente e não se sente atraída nem por ele , nem por sua fortuna, nem por sua “lábia” cortesã. São duas visões opostas da realidade: a visão idealizadora do Velho apaixonado e a visão realista da Moça.

Uma alcoviteira, Branca Gil, promete ao Velho a posse da jovem amada e, com isso, vai extorquindo todo seu dinheiro. Na cena final, o Velho, desenganado, só, e reduzido à pobreza, pois gastara tudo o que tinha, deixando ao desamparo suas quatro filhas, reconhece o seu engano e se arrepende.

A Alcoviteira é açoitada, e a Moça casa-se honestamente com um belo rapaz. A introdução ao texto da peça esclarece que a farsa foi encenada em 1512, na presença de D. Manuel I, rei de Portugal.

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