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Preconceito Linguístico: o que é, causas e como combater

Preconceito Linguístico: o que é, causas e como combater

O preconceito linguístico é uma realidade que permeia nosso cotidiano de maneira sutil, mas poderosa. Muitas vezes, sem perceber, julgamos e discriminamos as pessoas com base na forma como se expressam verbalmente. Uma ação que decorrer da interpretação de que existe uma “forma correta” de se falar.

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Seja por sotaque, variações regionais, uso de gírias ou até mesmo por erros gramaticais, o preconceito linguístico é uma barreira que afeta a comunicação e perpetua desigualdades sociais.

Nesta matéria, mergulharemos nesse tema delicado, revisitando reflexões sobre suas origens, impactos e maneiras de combatê-lo.

O que é preconceito linguístico?

O preconceito linguístico é a discriminação ou desvalorização de uma determinada forma de falar, ou dialeto de uma língua, considerada inferior ou incorreta em relação a um padrão linguístico dominante.

Isso acontece quando uma pessoa ou grupo é julgado negativamente pelo modo como fala, seja devido ao sotaque, gírias ou expressões regionais. 

Vemos o preconceito linguístico quando uma pessoa é ridicularizada, menosprezada ou tratada de forma inferior por usar uma linguagem diferente da considerada padrão, geralmente associada a uma classe social privilegiada ou a uma região geográfica específica.

Esse tipo de preconceito pode levar a exclusão social, limitação de oportunidades e até mesmo à marginalização de falantes de línguas diferentes da considerada “correta” ou “superior”.

Causas do preconceito linguístico

O preconceito linguístico tem várias causas, e a maioria delas está ligada à falta de conhecimento e de educação linguística. Uma das principais causas é a crença de que a língua padrão é superior a outras variações linguísticas.

Esse tipo de preconceito geralmente é decorrente de uma educação que valoriza apenas a língua padrão e desvaloriza as variações linguísticas presentes na sociedade.

Outra causa comum, é a associação entre o uso de uma variação linguística e uma determinada classe social ou grupo étnico. Por exemplo, o preconceito linguístico contra o uso de gírias e expressões populares pode estar ligado à associação dessas variações com classes sociais mais baixas.

Da mesma forma, há preconceito linguístico em relação à falantes de outras línguas, considerando que seu modo de falar é inferior à língua padrão ou a língua nativa do país.

Além disso, a falta de conhecimento sobre as variações linguísticas presentes em diferentes regiões do país ou em diferentes países pode levar ao preconceito linguístico. Muitas pessoas desconhecem que a língua é dinâmica e se transforma constantemente de acordo com o contexto, a região e a época em que é falada.

Por fim, o preconceito linguístico pode ser perpetuado pela mídia, que muitas vezes retrata apenas a língua padrão como correta e desvaloriza outras variações linguísticas. Essa falta de representatividade pode levar a uma falsa ideia de que apenas uma forma de falar é aceitável e correta.

O que é Variação Linguística?

Variação linguística é a maneira como uma língua varia em função de diversos fatores, como a região geográfica, o contexto social, a idade, o gênero e o nível de escolaridade dos falantes.

Essa variação pode ser observada em diferentes aspectos da língua, como na pronúncia, no vocabulário, na gramática e no uso das expressões idiomáticas. 

A variação linguística é um fenômeno natural e inevitável, pois as línguas evoluem constantemente em resposta às mudanças sociais e culturais. No entanto, a variação linguística também pode ser alvo de preconceito e discriminação, especialmente quando os falantes de determinadas variedades linguísticas são estigmatizados ou marginalizados.

Norma culta’ e o preconceito linguístico

A “norma culta” é uma forma padronizada da língua que é considerada socialmente mais prestigiada e é ensinada nas escolas como a “forma correta” de se falar e escrever. Ela é conhecida dessa forma, mas é mais correta chamá-la de norma padrão.

O preconceito linguístico, por outro lado, é a atitude discriminatória em relação às variações linguísticas, que incluem sotaques, gírias, dialetos e outras formas de falar diferentes da norma culta.

Muitas vezes, a norma padrão é vista como um modelo ideal de linguagem, enquanto as variações linguísticas são consideradas inferiores ou até mesmo erradas. Essa atitude pode levar ao preconceito linguístico e à exclusão social daqueles que falam de maneira diferente da norma.

No entanto, é importante lembrar que a norma padrão é apenas uma das muitas formas de se comunicar em uma língua, e todas as variações linguísticas são igualmente válidas. O preconceito linguístico é resultado de estereótipos e de uma visão limitada sobre as variações linguísticas.

Tipos de preconceito linguístico

O preconceito linguístico pode se manifestar de diversas formas, afetando diferentes grupos sociais. Confira alguns dos principais tipos de preconceito linguístico:

  • Regionalismo: esse tipo de preconceito é direcionado a falantes de determinadas regiões do país ou do mundo, que são estereotipados e vistos como inferiores em relação àqueles que falam a chamada “norma culta”. Por exemplo, o sotaque nordestino no Brasil muitas vezes é alvo de preconceito e discriminação.

  • Preconceito linguístico de gênero: é o preconceito que se baseia no sexo ou gênero do falante. Em muitas culturas, há a crença de que homens devem falar de uma certa maneira e mulheres de outra. 

  • Classe social: esse tipo de preconceito está relacionado à ideia de que falantes de determinadas classes sociais falam de forma “errada” ou “inferior”. Por exemplo, em algumas sociedades, o sotaque de pessoas de classes mais baixas pode ser considerado inadequado ou mal-educado.

  • Preconceito linguístico racial: é o preconceito baseado na raça ou etnia do falante. Em muitos países, pessoas de grupos étnicos minoritários são discriminadas por falarem sua língua nativa ou por apresentarem sotaques considerados “estrangeiros”.

    Além disso, línguas de grupos étnicos minoritários podem ser menos valorizadas em relação à língua dominante da sociedade.


Consequências do preconceito linguístico

O preconceito linguístico pode ter diversas consequências negativas na vida das pessoas, afetando desde sua autoestima até seu acesso a oportunidades na educação e no mercado de trabalho. A seguir, vamos explorar cada uma dessas consequências com mais detalhes:

  • Exclusão social: O preconceito linguístico pode levar a exclusão social de pessoas que falam uma variedade linguística diferente da norma culta. Isso pode acontecer em diversos contextos, como no trabalho, na escola, na mídia e na convivência social em geral.

  • Dificuldades na educação: O preconceito linguístico pode afetar o desempenho de alunos na escola, principalmente aqueles que falam uma variedade linguística diferente da norma culta. Esses alunos podem enfrentar dificuldades para compreender as instruções e os conteúdos das aulas, além de serem vítimas de bullying e discriminação por parte de colegas e professores.

  • Discriminação no mercado de trabalho: Pessoas que falam uma variedade linguística diferente da norma culta podem enfrentar dificuldades para conseguir emprego ou para serem promovidas em suas carreiras. Muitas vezes, são discriminadas em processos seletivos ou são preteridas em relação a candidatos que falam a norma culta.

  • Autoestima e saúde mental: O preconceito linguístico pode afetar a autoestima e a saúde mental de pessoas que são vítimas desse tipo de discriminação. Essas pessoas podem desenvolver sentimentos de inferioridade e inadequação, além de sofrerem com ansiedade, depressão e outras condições emocionais.

Como combater o preconceito linguístico?

O preconceito linguístico é um problema que afeta muitas pessoas ao redor do mundo. Para combatê-lo, é preciso adotar algumas medidas que valorizem a diversidade linguística e cultural, além de desconstruir estereótipos e preconceitos. Algumas formas de combater o preconceito linguístico incluem:

  • Valorização da diversidade linguística: é importante entender que a língua é um elemento vivo e dinâmico, que sofre mudanças ao longo do tempo e se adapta às necessidades dos falantes. Cada variedade linguística possui suas próprias características e riquezas culturais, que devem ser valorizadas e respeitadas.

  • Desconstrução de estereótipos: muitas vezes, o preconceito linguístico está associado a estereótipos e preconceitos sociais. É importante desconstruir essas ideias e entender que cada variedade linguística possui sua própria gramática e lógica interna, e que nenhuma delas é superior ou inferior a outra.

  • Incentivo à educação linguística: a educação é fundamental para combater o preconceito linguístico. É importante que as escolas ofereçam uma formação que valorize a diversidade linguística e cultural, além de fornecer ferramentas para que os alunos possam se expressar de forma clara e eficiente em qualquer variedade linguística.

  • Inclusão de variedades linguísticas em meios de comunicação: os meios de comunicação têm um papel importante na difusão de estereótipos e preconceitos linguísticos. É fundamental que esses meios incluam as variedades linguísticas regionais em suas programações, valorizando a diversidade cultural e linguística do país.

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