Pública ou Particular?
A volta às aulas bate à porta. Tendo em vista as mais recentes
vantagens para estudar em uma escola pública, tanto na economia quanto,
agora, com o benefício do bônus, que facilita a entrada dos estudantes
nas universidades federais, pais e estudantes vislumbram a vantagem de
retornar ao ensino custeado pelo erário. Haverá tantas vagas
disponíveis?
Na escola particular, além do custo altíssimo das
mensalidades, no início do ano, os pais se veem às voltas com o
material escolar, cujo custo pode ultrapassar o valor de uma
mensalidade, além da matrícula e o material de uso coletivo. Muitas
escolas estão recusando os livros do ano anterior, devido à vigência da
nova ortografia.
+ Veja as vantagens de estudar em uma escola particular no Brasil
Chega a ser absurdo alunos da antiga oitava série
(hoje, o nono ano) que deixarão a escola para ingressar em outra no ano
que vem, no ensino médio (certas escolas particulares oferecem o ensino
somente até o fundamental II), terem de comprar livros novos cujo
conteúdo não foi alterado por causa de pequenas mudanças na ortografia.
Isso onera o orçamento familiar, impedindo que o livro do irmão que
passou à próxima série possa ser reutilizado.
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O fato não ocorre na
escola pública, pois os livros são disponibilizados ao aluno durante o
ano pelo governo. Além disso, sabemos que, no ensino fundamental II, as
discipli nas são maiores, cada uma com um professor, o que o impede de
recolher dezenas de cadernos para serem corrigidos em casa. Isso torna
desnecessária, e nada saudável para a já prejudicada coluna dos alunos,
a aquisição de um caderno para cada disciplina, pois, no fim do ano
letivo, constata-se que não foi utilizada, às vezes, a metade das
folhas.
No Brasil, as despesas com ensino superior privado representam
48,8% dos gastos com educação e o fundamental, 21,6%. No país, há pelo
menos 11 milhões de domicílios com pelo menos um morador estudando na
rede privada (básica ou superior), o que representa 22,1% do total.
Deles, 14% têm renda de até cinco salários mínimos; 46%, entre cinco e
15 salários; e 38,85%, acima de 15. Mais de 12 milhões de estudantes
brasileiros cursam o ensino particular. Em alguns estados, a proporção
entre gastos com universidade e educação fundamental é maior ainda; no
Distrito Federal, são 64% e 15%, respectivamente.
Contudo, a ilusão de
que a escola particular facilitaria a entrada do estudante nas
universidades federais há muito caiu por terra, pois, com raríssimas
exceções de algumas escolas públicas e particulares, geralmente, o
estudante, ao deixar o ensino médio, faz matrícula no pré-vestibular,
pagando, naturalmente, para conquistar uma vaga na universidade
pública, o que agora se tornou mais difícil devido ao bônus concedido
aos alunos provenientes de escola pública e negros: 10% e 15%,
respectivamente, na primeira e segunda etapa do vestibular das
universidades federais, segundo o edital do vestibular 2010.
O dever do
governo é propiciar ensino de qualidade a todos, para igualar a
competência dos estudantes para uma disputa nivelada, e não conceder
bônus como forma de compensar um ensino cuja qualidade seja
questionável.
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