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Vida e obra de Machado de Assis

Vida e Obra de Machado de Assis

Um dos maiores representantes da literatura brasileira, Machado de Assis foi o autor de grandes obras como “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “Dom Casmurro”. O escritor deixou um vasto acervo de obras que são reverenciadas até hoje, mesmo após mais de cem anos da sua morte.

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Machado de Assis era jornalista, contista, cronista, romancista, poeta e teatrólogo. Com criações abrangendo praticamente todos os gêneros literários, no artigo de hoje vamos conhecer um pouco mais sobre quem foi esse famoso autor.

Quem foi Machado de Assis?

Nascido no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, Joaquim Maria Machado de Assis ou simplesmente Machado de Assis foi um escritor brasileiro, considerado por muitos críticos e estudiosos, o maior nome da literatura nacional.

Infância e Adolescência

Nascido em uma chácara no morro do Livramento, no Rio de Janeiro, Machado de Assis foi o primeiro filho de Francisco José de Assis, um pintor e decorador de paredes negro, e da lavadeira portuguesa, Maria Leopoldina da Câmara Machado.

O escritor passou toda sua infância e adolescência no bairro do Livramento, onde nasceu. Seus pais moravam na chácara do falecido senador do Império, Bento Barroso Pereira, lugar em que sua mãe era protegida da viúva, Maria José de Mendonça, madrinha do escritor.

Em 1845, Machado de Assis viveu seu primeiro luto, quando morreu sua irmã de apenas quatro anos, dor que voltaria a se repetir em 1849, aos dez anos, com a perda de sua mãe. É neste momento que seu pai resolve sair da chácara e vai morar no bairro de São Cristóvão com Maria Inês da Silva, com quem viria a se casar em 1854.

O autor começou seus estudos na escola pública do bairro de São Cristóvão, lugar em que sua madrasta trabalhava como doceira. Na mesma época, Machado de Assis foi coroinha na igreja do padre Silveira Sarmento, onde começou a se familiarizar com o latim. O autor teve uma estreita relação com o catolicismo e escreveu vários textos de devoção e espirituais.

Durante a noite, o escritor ia a uma padaria, onde aprendia francês com o forneiro. Lá, ele começou a escrever suas primeiras poesias sob a luz de velas.

Formação

Vida e obra de Machado de Assis

Por ser filho de um negro com uma branca, Machado de Assis passou por muitos desafios para ter acesso a educação. Apesar dele ter frequentado a escola pública em São Cristóvão, sua formação foi mais autodidata. 

O autor, que nunca frequentou a universidade, tinha uma grande sede por conhecimento e falava fluentemente três idiomas: francês, inglês e latim. Sendo, o francês aprendido com o padeiro imigrante e, o latim, com o padre.

Primeiro livro

O primeiro livro publicado por Machado de Assis foi a tradução de “Queda que as mulheres têm para os tolos” (1861). Em 1864, ele publica seu primeiro livro de poesias, “Crisálidas”, uma coletânea com seus poemas que foi dedicada aos seus pais.

Apenas em 1872 é que se tem a publicação de seu primeiro romance, “Ressurreição”. O livro conta a história de um médico solteiro, Félix, que sempre estava nas noites flertando com as mulheres, até que surge uma viúva de nome Lívia, com quem resolve se relacionar amorosamente. Tudo iria bem se Félix não fosse tão inseguro.

Tendo sua obra dividida em duas fases – Romântica e Realista -, “Ressurreição” pertence à primeira delas. Isso é advertido pelo próprio Machado de Assis, na segunda edição do livro, revisada em 1905.

Lista das Obras de Machado de Assis

A lista de obras de Machado de Assis é composta por dez romances, 219 contos, dez peças teatrais, cinco coletâneas de poemas e sonetos, e mais de 600 crônicas. Confira suas publicações:

Romances

  • Ressurreição (1872);
  • A Mão e a Luva (1874);
  • Helena (1876);
  • Iaiá Garcia (1878);
  • Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881);
  • Casa Velha (1885);
  • Quincas Borba (1891);
  • Dom Casmurro (1899);
  • Esaú e Jacó (1904);
  • Memorial de Aires (1908).

Coletâneas de contos

  • Contos Fluminenses (1870);
  • Histórias da Meia-Noite (1873);
  • Papéis Avulsos (1882);
  • Histórias sem Data (1884);
  • Várias Histórias (1896);
  • Páginas Recolhidas (1899);
  • Relíquias de Casa Velha (1906).

Peças de teatro

  • Hoje Avental, Amanhã Luva (1860);
  • Desencantos (1861);
  • O Caminho da Porta (1863);
  • O Protocolo (1863);
  • Quase Ministro (1864);
  • As Forcas Caudinas (1865/1956);
  • Os Deuses de Casaca (1866);
  • Tu, só tu, puro amor (1880);
  • Não Consultes Médico (1896);
  • Lição de Botânica (1906).

Poesia

  • Crisálidas (1864);
  • Falenas (1870);
  • Uma Ode de Anacreonte (1870);
  • Americanas (1875);
  • Ocidentais (1901);
  • Poesias Completas (1901);
  • O Almada (1910).

Preconceito

Por ser negro, Machado de Assis sofreu ao longo de toda sua vida com o preconceito racial. Naquela época, não era comum que houvesse intelectuais não brancos no país.

O racismo, inclusive, escondeu quem foi o autor por décadas. Sua foto como conhecemos, mudava a cor da sua pele e distorcia seus verdadeiros traços, Machado de Assis chegou a ser embranquecido para ter reconhecimento.

Além da cor da pele, o escritor sofreu por ser epilético e apresentar sinais de gagueira, contribuindo para que ele apresentasse uma personalidade reclusa e insegura.

Última publicação em vida

Vida e obra de Machado de Assis - fotografia dita como uma das possíveis últimas fotos de Machado em vida.

Antes de morrer, após perder seu grande amor, Carolina Augusta Xavier de Novaes, em 1904, Machado de Assis presencia suas últimas publicações: Esaú e Jacó (1904), Relíquias de Casa Velha (1906) e Memorial de Aires (1908), essa última, com cunho autobiográfico, onde é notada uma semelhança entre o romance e a velhice do autor.

Morte

Às 3h20m do dia 29 de setembro de 1908 morre na casa de Cosme Velho, Machado de Assis, aos 69 anos de idade, com uma úlcera cancerosa na boca. 

Na certidão de óbito consta que o autor faleceu devido a uma arteriosclerose generalizada, incluindo esclerose cerebral, o que, para alguns, é questionável, em virtude do autor sempre ter demonstrado estar lúcido nas últimas cartas escritas. 

Relatos apontam que Machado de Assis teve uma morte tranquila na companhia dos amigos íntimos que tinha feito na então capital brasileira.

Machado de Assis na literatura brasileira

Divisor de águas na história da literatura brasileira, Machado de Assis é até hoje uma grande inspiração para as gerações de escritores que vieram depois. Estudado nas escolas e universidades, adaptado no cinema e na televisão, seu estilo peculiar é inconfundível. 

Seu livro, “Memória Póstumas de Brás Cubas”, inaugurou o realismo no país. O autor também é membro-fundador da Academia Brasileira de Letras, chamada de “Casa de Machado de Assis” em sua homenagem. 

Publicado em 24 países e traduzido em 35 idiomas. No exterior, Machado de Assis é tido como um gênio, à nível dos grandes nomes da literatura mundial.

Machado de Assis e Academia Brasileira de Letras

Já em sua primeira coletânea de contos, “Contos Fluminenses”, e no seu primeiro romance, “Ressurreição”, Machado de Assis se solidifica como um escritor que sabia perfeitamente usar a língua portuguesa, além de se distinguir por suas narrações psicológicas.

Em 1873, a capa da décima edição do periódico fluminense “Arquivo Contemporâneo”, colocava paralelamente a foto de José de Alencar, até então o maior romancista do Brasil, ao lado da de Machado de Assis. Portanto, desde essa época, o autor se colocava como um prodígio da literatura brasileira, antes mesmo da publicação de suas obras-primas.

Assim, em 1896, Machado de Assis, junto a outros intelectuais como Lúcio de Mendonça, Olavo Bilac, Graça Aranha e Ruy Barbosa, sem muita dificuldade e inspirados na Academia Francesa, fundou a Academia Brasileira de Letras (ABL).

Nomeado para a cadeira de nº 23, Machado de Assis, eleito por aclamação, se tornou em 1897, o  primeiro presidente da ABL, posto que exerceu por mais de 10 anos, até sua morte. 

Em sua homenagem, na entrada da academia, tem uma estátua em bronze do escritor.

Romantismo

Machado de Assis é considerado parte da última geração do romantismo brasileiro, escola literária marcada pelo sentimentalismo, nacionalismo,  e a idealização do amor e da mulher. Apesar da oposição à rigidez que as escolas literárias tinham, Machado de Assis criou obras que tinham o amor como tema. 

Seu primeiro livro dessa fase foi “Ressurreição”, e em seguida vieram “A Mão e a Luva”, “Helena”, “Iaiá Garcia”, “Contos Fluminenses” e “Histórias da Meia Noite”. Ainda que seus títulos se desenrolassem com elementos do romantismo, nas primeiras obras do escritor, já havia o senso crítico e psicológico das personagens, marca de seus textos.

Características das obras literárias

A obra de Machado de Assis foi dividida em duas fases, sendo a primeira marcada pelo Romantismo, e a segunda, com o autor mais maduro, caracterizada pelo Realismo. Em partes, sua maturidade literária se deve à influência de sua esposa, que lhe apresentou importantes obras.

A fase menos madura do autor se aproxima do Romantismo e tem um estilo mais inocente, sendo as obras mais conhecidas: “Ressurreição”, “A Mão e a Luva” e “Helena”. Os livros que compõem a Trilogia Realista: “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, “Quincas Borbas” e “Dom Casmurro”, são famosos pelo pessimismo e ironia.

Machado de Assis não seguia uma narrativa linear, suas histórias eram contadas conforme os personagens lembravam dos fatos, fazendo portanto, o uso da técnica da digressão. Ele desviava o foco do tema central para trazer recordações e reflexões sobre o assunto. 

O autor também é lembrado por colocar em diálogo narrador e leitor, como fez em  “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.

Principais obras

Vida e Obra de Machado de Assis - Memórias Póstumas de Brás Cubas

Suas obras atravessam todos os gêneros literários e não devem ficar restritas a apenas um movimento estético. Os livros de Machado de Assis tornaram-se clássicos, consagrando-o como o maior autor da literatura brasileira. Em meio a eles, suas principais obras são “Helena”, “Memórias Póstumas de Brás Cubas” e “Dom Casmurro”.

Frases Famosas

Confira algumas frases famosas, que talvez você não saiba, foram escritas por Machado de Assis:

  • Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.
  • Felizes os cães, que pelo faro descobrem os amigos.
  • O dinheiro não traz felicidade – para quem não sabe o que fazer com ele.
  • Não se ama duas vezes a mesma mulher.

Curiosidades

  • Embora seu pai tenha nascido liberto, o avô de Machado de Assis foi escravo na chácara do Livramento, onde ele nasceu e foi batizado pela dona da casa;
  • Em 1888, Machado de Assis foi condecorado por Dom Pedro II com a Ordem da Rosa;
  • Machado de Assis era enxadrista e participou do primeiro campeonato brasileiro de xadrez, ficando em terceiro lugar.

Você com certeza já sabe que as obras de Machado de Assis caem nas principais provas de vestibulares, mas e aí, já escolheu onde vai fazer sua faculdade? 

Abaixo te apresentamos excelentes instituições de ensino reconhecidas e aprovadas pelo Ministério da Educação (MEC) para você dar o pontapé inicial na sua carreira acadêmica:

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