Diplomas com o mínimo de esforço

Páginas de relacionamento na internet oferecem diplomas de graduação de
diferentes instituições de Ensino Superior do País por preços que
variam entre R$ 500 e R$ 1,8 mil.
Basta ao interessado digitar a
palavra diploma nos endereços de busca para uma lista de sites surgir
na tela do computador, com pessoas querendo comprar e outras querendo
vender os documentos. Facilidade que não reflete o risco de passar até
seis anos na cadeia, pena prevista no Código Penal para quem falsifica
ou utiliza documentos.
A reportagem do Correio Digital conversou por
telefone, na semana passada, com uma pessoa que se identificou como
Eduardo, cujo número do telefone celular foi obtido após uma rápida
pesquisa pela web. O interlocutor ofereceu um diploma de engenharia
elétrica por R$ 1.700, com data de conclusão de curso ao gosto do
freguês em duas faculdades conhecidas. A reportagem pediu um diploma da
Unicamp. “Este é difícil de conseguir”, respondeu Eduardo.
Questionado
sobre a credibilidade do documento, afirmou não haver problema, porque
“os dados são registrados no sistema do Ministério da Educação”. Disse
que receber o diploma, após feito o pedido, demora entre 20 e 30 dias.
Eduardo exigiu 30% de pagamento antecipado e disse que o restante
poderia ser quitado no ato da entrega, feita pelos Correios.”Arrumo um
diploma de agronomia para você com preço camarada, histórico escolar e
autenticado pelo MEC.
Essa declaração estava na internet, em uma página
de fórum de discussão. Thiago também garante, pela internet,
facilidades para obter um diploma. “Tenho diplomas de ensino
fundamental, médio e superior, reconhecidos pelo MEC e aprovados pela
Secretaria de Educação (não especifica qual). Você poderá fazer
concursos e faculdades sem se preocupar porque é tudo legalizado”,
afirma ele em um diálogo retirado de outro fórum de discussão na
internet.
A reportagem tentou entrar em contato com ele, mas não obteve
resposta. A assessoria da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
afirma que o caso é de polícia e que não possui registros recentes do
uso de diplomas falsos.Coordenador Geral de Orientação e Controle da
Educação Superior, Jorge Gregory explica que o MEC deixou de efetuar o
registro de diplomas há mais de 10 anos. “As universidades emitem e
registram seus próprios diplomas”, diz Gregory. Motivo pelo qual,
segundo ele, não há possibilidade de alguém de dentro do Ministério
facilitar o trabalho dos falsários.
O coordenador do MEC afirma que os
casos de diplomas falsos são investigados pela Polícia Federal, desde
que não haja envolvimento de instituições supervisionadas pelo
Ministério. Gregory defende que os diplomas falsos são identificadas
pelos conselhos profissionais, o que inviabiliza o uso.
No entanto, a
PF admitiu, em entrevistas recentes, que alguns documentos podem passar
por originais.Caso de políciaEste ano, em ações realizadas em todo
território nacional, a Polícia Federal cumpriu mais de 30 mandados de
prisão em 14 estados por falsificação de diplomas na chamada Operação
Cola.
A chefia da Unidade de Repressão a Crimes Cibernéticos da PF
divulgou preocupação com a multiplicação dos casos de falsificadores
graças às facilidades de comunicação possibilitadas pela internet.
A PF
aponta para a dificuldade em prender falsificadores, porque é preciso
obter prova material para que o crime fique configurado. Segundo Tak
Chung Wu, presidente da Comissão de Direito Cibernético da Ordem de
Advogados do Brasil (OAB) Campinas, o uso do documento falso é crime,
mas anunciar sua venda pela internet não é. “Isso dificulta a
investigação. Para uma pessoa ser denunciada, é preciso haver a prova
física”, afirma Wu.
O professor da Faculdade de Direito da
PUC-Campinas, Sílvio Artur Dias da Silva, explica que a lei prevê
punição por exercício ilegal da profissão para quem usa diploma falso.
Quem oferece esse documento pode ser enquadrado por falsificação. “A
lei prevê de dois a seis anos de reclusão, mais multa”, afirma Silva.
Estude nas melhores sem sair de casa
As melhores faculdades com ofertas super especiais para você começar a estudar sem sair de casa.