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Notícias

Federal do ABC tem evasão de 42%

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Reitor atribui desistência dos alunos aos atrasos nas obras do câmpus e à dificuldade de cotistas seguirem o curso

Primeira universidade federal instalada na região que foi berço

político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a UFABC perdeu, em

média, 42% dos seus alunos nas três primeiras turmas da história da

instituição – entre 2006 e 2009.

Uma das causas para a alta evasão registrada na Universidade Federal do

ABC é a falta de infraestrutura adequada no local, refletida sobretudo

no que a instituição classifica de “crônico” atraso na construção dos

câmpus – um em obras em Santo André e outro que ainda nem começou a

sair do papel em São Bernardo.

Por causa das obras, o início do ano letivo de 2010 foi adiado de março

para maio. Símbolo da expansão das instituições federais de ensino

superior no País, a UFABC selecionou 4,5 mil estudantes de 2006 a 2009,

mas no fim do ano passado só tinha 2.617 alunos. Todos estavam

matriculados no curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia, a única

porta de entrada da universidade até o ano passado.

“Nas primeiras turmas, perdemos metade dos alunos”, afirma Helio

Waldman, o quarto reitor em menos de quatro anos da instituição. “No

ano passado, as perdas foram altas, de 25% a 30% em média. Podem

aumentar mais um pouco, mas não chegarão a 50%”, acredita.

Ao ser empossado no cargo, no último dia 8, Waldman fixou a redução da

evasão como sua principal meta. Em quatro anos, ele quer que as

desistências caiam para menos de 10% das matrículas. Apesar do alto

índice de abandono, esse foi o curso mais procurado pelos alunos que

usaram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para tentar uma vaga em

instituições federais. Na primeira etapa do sistema de escolha pela

internet, o Sisu, foram 16,2 mil inscritos para 1,5 mil vagas. Dessas,

sobraram 780 para a segunda etapa, que terminou ontem.

SEM INTERNET

O próprio reitor atribui a desistência dos estudantes aos problemas na

construção do câmpus. Na unidade de Santo André, cujo único prédio em

funcionamento foi inaugurado pelo presidente Lula em agosto de 2008, as

obras deveriam ter ficado prontas no início do ano passado. De 2005 a

2009, Lula participou de cinco solenidades ligadas à universidade,

sendo a última em agosto do ano passado para lançar a pedra fundamental

do câmpus de São Bernardo.

“Ao contrário do que a gente esperava e do previsto, o prédio (de Santo

André) não está pronto. Deverá estar em maio, mas não totalmente”, diz

o reitor. “E não haverá internet”, lamenta. O contrato está no quinto

aditivo e, mesmo com o prazo renovado para dezembro de 2010, o reitor

já prevê mais demora.

“Oficialmente, a obra toda termina em dezembro, mas há um histórico de

lentidão”, diz Waldman, sem saber dizer o motivo dos atrasos. “Há uma

certa lentidão crônica, cuja origem não saberia reconhecer.”

Procurado, o Ministério da Educação (MEC) não explicou o motivo do atraso nas obras.

Além das questões de infraestrutura, outra causa da evasão está ligada

à falta de adaptação de alunos cotistas, para os quais é reservada

metade das vagas de ingresso. Sem dar detalhes, o reitor disse que eles

desistiram mais do que os outros alunos. “Em geral, eles têm problemas

por trabalhar.”

Entre as medidas para reduzir a evasão, algumas foram destinadas aos

cotistas, como a ampliação de bolsas de auxílio socioeconômico e para

moradia. Cada uma garante R$ 300 ao aluno. São cerca de 700 bolsas

distribuídas atualmente.

Ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco e ex-presidente da

Associação Nacional dos Dirigentes de Instituições Federais de Ensino

Superior (Andifes), Mozart Neves Ramos relativiza os problemas de

infraestrutura e a alta evasão da UFABC, mas defende maior autonomia de

gestão para as instituições federais em todo o País. “Os problemas

desses três primeiros anos são mais de logística, enfrentados por

qualquer obra ou grande ampliação”, diz ele, hoje diretor executivo do

Movimento Todos Pela Educação. “O principal problema é a necessidade de

implantar um novo modelo de gestão. O reitor nas federais só administra

o custeio, não o orçamento. Tem de se criar um modelo com mais

autonomia.”

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