O ex-traficante que acabou na USP
Pelo relatório que acaba de ser divulgado pelo Unicef, Marcos Lopes tinha o perfil perfeito para ficar fora da escola e, mais do que isso, estar preso ou morto: negro, favelado, morador de uma região violenta, ex-assaltante, ex-traficante de droga. Era improvável que acabasse escritor e frequentando a USP. Trechos de seu livro estão no site Catraca Livre.
A maioria dos jovens, mesmo sem entrada no crime, como enfatizou o relatório. E, aqui, está a combinação mais explosiva do país: jovens desocupados e se qualificação vivendo nas grandes cidades, onde o crime arregimenta sua mão de obra.
Com a ajuda de uma entidade não-governamental (Casa do Zezinho), Marcos voltou a estudar, fez faculdade e começou a dar aulas na escola da qual foi expulso por assaltar a cantina e botar fogo.
Como se especializou em intermediação de conflitos para evitar violência, Marcos foi aceito num curso, dentro do campus da USP, de engenharia comunitária, oferecido pela Fundação Vanzolini, ligada à Poli. “Quero replicar depois esse modelo de curso”, afirma.
A tragédia do ensino médio no Brasil (e da educação pública em geral) faz de Marcos, que da boca do fumo virou professor e estuda na USP, um belo exemplo, mas uma exceção das exceções e mostra o longo caminho que temos pela frente para ser uma nação civilizada.
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