O Poder dos “M’s” Mercado, Multinacional e Marketing
Neste
estudo, trataremos resumidamente da Globalização e dos poderes que
mandam no mundo com o advento da quarta fase desse processo, a partir
dos anos 1990. A partir daí, o mundo passa a se estruturar em função de
poderes que, em sua quase totalidade, deixam-se representar pela letra
“m”.
O primeiro M é o Mercado.
Entende-se por mercado todas as relações de compra e venda, seja ela
entre pessoas, instituições ou países. O comércio internacional hoje é
uma das atividades mais importantes de toda a história da humanidade.
Um exemplo disto é uma placa que se encontrava na entrada de um grande
depósito em Portugal e na qual constava “Se você não sabe o que quer,
entre que nós temos”. Com esse exemplo conseguimos enxergar que existe
uma grande demanda criada pelo mercado. O mercado através de outros
emes – que serão abordados a seguir – sabe impor as novas condições de
vida à sociedade, moldando-a conforme sua oferta.
O segundo grande M, que a partir da
década de 1960, começa a mandar no planeta é o M representado pelas
empresas Multinacionais ou transnacionais que desenvolvem seus produtos
todos voltados para o mercado internacional. Essas empresas que eram em
1960 aproximadamente 3.000 (três mil) chegam ao final dos anos1990 com
um número estrondoso de 60.000 (sessenta mil). São essas empresas que
comandam todo o processo econômico global a partir, entre outras
coisas, da aplicação da relação custo-benefício. Com o processo de
desterritorialização graças às três revoluções que sustentam a
globalização (Meio de Transportes, Meios de Comunicação e Revolução
Tecnológica) as fronteiras caem e a soberania dos países vê-se
ameaçada. O Poder econômico das multinacionais passa por cima das
fronteiras e do poder dos governantes abalando assim a própria base
jurídica do Estado que é o território.
Para que as multinacionais
conseguissem chegar ao poder de mando que elas têm hoje em toda a
sociedade global elas dependem de vários ajudantes de ordens que
começam também pela letra M.
O primeiro desses poderes ou
ajudantes de ordem é a Mídia. Esta que era até bem pouco considerada o
quarto poder hoje praticamente se constitui como um segundo poder.
Podemos até dizer, em linguagem futebolística, que é ela que faz o meio
de campo para a vitória das transnacionais. Pode-se ainda atribuir à
mídia a denominação “braço armado” do processo de globalização, tal a
guerra que ela provoca bombardeando nossas consciências defendendo que
sempre precisamos de algo mais para nos inserir neste mundo que não é
mais nem capitalista, nem socialista, mas materialista e hedonista.
A mídia criou um novo tipo de
sociedade que um grande pensador francês, Guy Debord, denomina “A
Sociedade do Espetáculo”. As eleições norte-americanas se transformam
num verdadeiro espetáculo. A Copa do Mundo e as Olimpíadas se tornam
também na mão das multinacionais e da mídia em grandes espetáculos que
sugerem um determinado modo de vida e a compra dos mais diversos tipos
de produtos que preenchem a cada dia novas necessidades que este M
poderoso, da mídia, cria.
Depois do papel exercido pela mídia
um outro M poderoso que com ela cria o grande complô representado pela
palavra compra é o Marketing. A partir de 1960, graças a um homem de
marketing, Teodore Levit, o marketing ganha uma força monumental e cujo
principal objetivo é “criar necessidades” ou melhor ainda, vender
aquilo que não queremos comprar. A própria atual fase do processo de
globalização começa com as considerações deste homem de marketing.
Esta quarta fase da globalização
foi gestada a partir dos anos 1960 e vai se consolidar trinta anos
depois nos anos 1990. Ela traz consigo uma nova sociedade denominada de
“Sociedade da Informação”, do Conhecimento ou Pós-industrial. Essa
sociedade não e mais regida pelo sistema de produção
Fordista-Taylorista, mas pelo sistema Toyotista.
O quarto M que alimenta a cadeia do
consumo, que faz a alegria das multinacionais é a “marca”. Tudo hoje,
no mundo das compras, é regido pelas marcas, desde as fraldas de um
recém nascido até o desespero dos mais velhos em consumirem vitaminas e
suplementos produzidos pelas grandes farmacêuticas multinacionais com o
intuito de estender a vida humana no planeta.
Na Itália encontram-se mais de mil
grandes agências de publicidade que ganham fortunas para transformar as
vendas de produtos de caráter local e regional em grandes produtos ou
grifes internacionais. Esse processo de transformação recebe o nome de
“Naming”, que começa quase sempre pela alteração do nome do produto que
é vendido em caráter local para um nome mais aceitável em caráter
global.
Com a globalização, o “Logo” das
grandes empresas multinacionais vale mais do que todo seu ativo fixo,
Como por exemplo a Coca-Cola, Nike, Xerox entre outras que tem seu
logotipo mundialmente conhecido e valorizado. Uma criança de apenas 3
ou 4 anos de idade hoje já identifica os produtos do McDonald`s.
Bastando para isso apenas ver o logotipo desta rede mundial de
fast-food que pelo marketing acaba despertando a sua vontade e
necessidade de consumir tais produtos.
Outro M, é a moda, que vem como
conseqüência da marca que é trabalhada insistentemente pelos meios de
comunicação que usam para isso grandes nomes da televisão, cinema e do
esporte como referências do consumo de determinados produtos e marcas.
Um M mais recente e que ganha
proporções, sobretudo entre os jovens, é o Messenger. Ele é um meio de
comunicação e pode ser entendido como uma grande revolução nos meios de
comunicação. Alem de aproximar o mundo com conversas é onde os jovens
têm desenvolvido a maior parte de seus diálogos e relações sejam elas
benéficas ou maléficas como amizades ou tormentos nas vidas alheias
(Bullyng, Fraudes, Crime Virtual, que normalmente vem junto com o crime
organizado, entre outros). No Japão já há inclusive uma vultosa
literatura de romances para celular. O Messenger é um meio de
comunicação que tem sido muito utilizado para redução de custos, de
tempo e saliva. Apesar de todos esses benefícios, tem trazido prejuízos
à gramática dos que o utilizam com a criação de abreviações irregulares
e palavras inexistentes que empobrecem a gramática e a língua
portuguesa em si.
No campo cultural, mais
precisamente da música, que é uma das formas de entretenimento mais
disseminada na sociedade global, também temos um M regente, este é o
Mp3. O mp3, como formato de musica digital, revolucionou o mercado de
players dando espaço a novas marcas e produtos que também foram
influenciados pelo marketing e moda. Também revolucionou a venda de
músicas, quando há alguns anos atrás se comprava CDs hoje se compram
Mp3’s em lojas virtuais. Aí está um exemplo marcante do que se produz
na sociedade Pós-Industrial e que muda o conceito de trabalho,
possibilitando oportunidades ao invés de uma busca por emprego fixo que
era forma clássica de trabalho na sociedade industrial. Um exemplo
disso é o que ocorre hoje na sociedade norte-americana, em que, uma
pessoa que vive até os 60 anos, muda em média oito vezes de emprego ou
de ocupação.
A ERA DO ACESSO
Diante do que acabamos de observar,
o consagrado autor Jeremy Rifkin, traz o conceito de uma nova era a
qual denomina de “Era do Acesso”. Esta era é marcada pela
flexibilidade, descartabilidade e facilidade de substituição de bens,
produtos e serviços como nunca se viu em épocas anteriores. Uma pessoa
que se casa e monta uma residência com todos seus utensílios e
equipamentos tais como máquina de lavar, geladeira, forno de
microondas, televisão, computador, etc, ao voltar da lua de mel perde
grande parte do valor investido em todos estes produtos, pois já
surgiram outros com novos designs e novas funções.
Uma saída para esta situação fruto
da sociedade Pós-Industrial em que vivemos, passa pelo Leasing
(locação) e não a compra efetiva dos produtos mais suscetíveis a
mudanças visuais preenchidas pela moda.
Um exemplo de facilidade de acesso
são os restaurantes “fast-food”, quando se sente fome, simplesmente se
procura um desses restaurantes e em alguns minutos está pronta a comida
de sua preferência. Hoje não são só hambúrgueres ou sanduíches
fast-food, encontramos com o encurtamento de distâncias as mais
diferenciadas culinárias de todos os países reunidos as vezes em uma só
praça de alimentação, são as mais populares as comidas, italianas,
árabes, japonesas, chinesas e, é claro, a americana.
O principal produto desta era é a
informação. Há alguns anos para se conseguir informações históricas era
necessária uma enciclopédia, como a Barsa, a Delta, a Mirador e outras.
Hoje em dia bastam alguns cliques para se encontrar a mais
diversificada informação de diferentes fontes e pontos de
vista. Paginas de internet como o Google ou a Wikipedia assumem esse
espaço cada vez mais. Ainda nesse aspecto de internet vemos como é
fácil o acesso a perfis de pessoas de todo o mundo através de sites de
relacionamentos, e comunidades dos mais diversificados interesses
facilitando ainda mais o acesso a tudo que é de seu interesse, filmes,
livros, músicas, mudando as relações de compra e venda.
Nessa nova era as pessoas têm
mudado os seus hábitos. Para fugir do caos que tem se tornado as
grandes cidades; com a facilidade na compra de um carro o cidadão
começa a evitar sair para realizar suas tarefas mais comuns, como
compras de mercado, tarefas bancárias e até mesmo a locação de um
filme, conseguindo realizar tudo isso por meio da internet. Diante
dessas facilidades, aí esta uma grande causa de desemprego, até o ponto
que já se pode imaginar um mundo sem empregos: como nos empregos
clássicos tão conhecidos da sociedade industrial, assim foi visto na
revolução industrial, quando homens eram trocados por máquinas, e
hoje… pelo virtual.
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