Operação vestibular muda rotina da Coreia do Sul
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Aviões mudam a rota, ruas são interrompidas e
até a Bolsa de Seul abre uma hora mais tarde por causa do vestibular na
Coreia do Sul, tudo para garantir a tranquilidade necessária para os
670 mil jovens decidirem seu futuro profissional.
O
exame de acesso à universidade realizado em 1.124 escolas é um
acontecimento vital para os jovens sul-coreanos que se esforçam para
entrar para as melhores universidades do país com um sistema
educacional muito rígido e elitista.
Conhecida como “Suneung”,
a prova com até dez horas de duração exige muito dos estudantes e por
isso famílias e Governo se empenham para estabelecer uma atmosfera que
não distraia os vestibulandos.
Vale até alterar o horário de 114 rotas de vôos comerciais para não tirar a concentração dos alunos.
Durante a semana do vestibular, mães rezam em altares pedindo aos céus
que ajudem seus filhos, enquanto o Governo prepara um plano especial de
transporte para que ninguém chegue atrasado à prova.
Policiais chegam a escoltar estudantes presos em engarrafamentos para chegarem a tempo no exame.
Quem espera ansioso por esta data todos os anos são os demais
trabalhadores do país, que neste dia podem ficar uma hora a mais na
cama porque as empresas retardam a abertura para evitar
congestionamentos em cidades como Seul, capital que concentra na região
metropolitana quase a metade dos 50 milhões de habitantes do país.
Até a divulgação dos resultados, o país inteiro tranca a respiração.
As melhores notas indicam quem vai entrar para as universidades de
prestígio como Yonsei e a Nacional de Seul, uma via para trabalhar em
empresas como Samsung e Hyundai.
Ou seja, a prova determinará além da universidade, onde o jovem deve trabalhar e o salário que vai terá pelo resto da vida.
Entrar para as melhores instituições é o sonho de grande parte dos
adolescentes entre 17 e 18 anos, um passo que é garantia de êxito
profissional e de status social que, já que os melhores devem ocupar
postos-chaves nos conglomerados sul-coreanos.
“O ambiente do
exame é de tamanha tensão que durante a prova impera o silêncio
absoluto e muitos jovens precisam tomar calmantes”, lembra à Agência
Efe Kim Min-jung, ex-aluna da universidade de Sogang que realizou o
exame de acesso em 2001.
Para se ter uma ideia de como é
terrível o fracasso no vestibular para os jovens sul-coreanos, crescem
anualmente as estatísticas de suicídios na Coreia do Sul – o mais alto
dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) – após a divulgação das notas, previstas para daqui um mês.
Em 2000, o índice de suicídios entre os sul-coreanos com idades entre
15 e 19 anos era de 3,9 mortes para cada 100 mil habitantes.
No
ano passado, o percentual já havia dobrado, de 8,5 mortes em cada 100
mil, o que obrigou ao Governo a alterar o formato do exame após os
protestos dos estudantes.
Para garantir o ingresso, muitos
jovens são enviados por seus pais a centros escolares específicos de
preparação para a prova, locais sem estímulos exteriores, sem revistas
ou internet, onde seguem uma rotina quase militar.
“Apesar de
ainda serem jovens todos querem pertencer ao clube SKY (iniciais das
três universidades mais prestigiosas do país), é como pertencer a um
clube de elite”, define Kim.
A união entre empresa e educação
faz com que os alunos disponham de uma via mais rápida de ascensão se
pertencem a uma determinada universidade.
Desde o ensino médio existem programas especiais de preparação entrar para a “elite da Coreia do Sul”.
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