Tecnologia melhora ensino para deficientes visuais, mas material em braile é insuficiente
Os avanços tecnológicos vêm facilitando o aprendizado das pessoas com
deficiências visuais nos últimos anos de acordo com a professora da
Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB). Segundo ela, a
tecnologia têm sido “uma ferramenta importantíssima” para inclusão das
pessoas com deficiência visual na educação e no trabalho.
Em entrevista hoje (5) à Rádio Nacional, Patrícia disse que
praticamente todos os estados brasileiros produzem material em braile e
que há constante solicitação de professores para atender alunos com
deficiência visual.
“É claro que a gente ainda tem uma ou outra questão em que os recursos
precisam ser mais disponibilizados, mas eu acredito que a gente
melhorou muitíssimo nos últimos 10, 12 anos, na qualidade dos serviços
educacionais e na quantidade dos serviços prestados. Isso tem permitido
a presença de muito mais pessoas com deficiência nas escolas, no mundo
do trabalho e em diversos espaços sociais” afirmou a professora.
Para Jonir Bechara Cerqueira, da Comissão Brasileira para o
Bicentenário de Louis Braille (criador do sistema de escrita que
permite aos cegos a leitura por meio do tato), no entanto, o material
produzido na linguagem em braile ainda é insuficiente para as pessoas
com deficiências visuais.
Segundo Cerqueira, a falta de diversificação do material e de apoio da
iniciativa privada seriam algumas das causas do atendimento parcial à
demanda por livros em braille.
“Quantitativamente, a produção está aquém do necessário. Nos Estados
Unidos, existe a produção em braile voluntária feita por organizações
privadas. Aqui fica mais a cargo do Estado” argumentou, lembrando que
além dos livros em braile também há os gravados, mas esses não podem
ser usados em disciplinas como química e matemática.
O bicentenário de Louis Braille foi comemorado ontem (4). Ele ficou
cego aos três anos e estudou utilizando a primeira iniciativa para a
educação de pessoas com deficiência visual, criada por um nobre
francês, que colocava em relevo as letras de forma que as pessoas cegas
poderiam tocá-las com os dedos e acompanhá-las.Mais tarde Louis entrou
em contato com um sistema de pontos e traços em relevo criado por um
oficial francês para os soldados se comunicarem durante a noite nos
períodos de guerra.
“Ele pensou ‘bom, então eu preciso inventar alguma coisa que
possibilite às pessoas cegas a leitura, pelo tato’ foi quando ele se
dedicou muitíssimo a isso e organizou um sistema de seis pontos em
relevo, que podem ser sentidos e, com isso, construiu 63 símbolos”
afirmou Raposo. O sistema chegou ao Brasil em 1850.
Com a reforma ortográfica da língua portuguesa as publicações em braile
também terão que ser adaptadas para seguir as novas regras.
O Laboratório de Apoio ao Deficiente Visual da UnB terá oficinas
especiais durante o ano em comemoração ao bicentenário de Braille. O
laboratório oferece curso de braille para a comunidade universitária e
também para o público externo.
A data também está sendo lembrada pelos Correios que lançaram hoje um
selo comemorativo, com design do artista Ricardo Cristofaro.
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