A América Espanhola: como era a sociedade na colônia entre chapetones e criollos?
A América Espanhola refere-se às regiões das Américas que foram colonizadas e governadas pela Espanha a partir do século XVI até o início do século XIX. Abrange grande parte da América do Sul, Central e partes do Norte, incluindo países como México, Peru, Colômbia e Argentina.
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Essa era foi marcada por intensa troca cultural, exploração econômica e conversão religiosa, resultando em uma rica mistura de heranças indígenas, africanas e espanholas que moldam a identidade desses países até hoje.
Para sabermos um pouco mais sobre a emancipação política na América Espanhola, é preciso que recordemos como foi a sua colonização.
É preciso compreender como a sociedade se comportava e lembrar mercantilismo, colônias de exploração, etc., para podermos dizer que mesmo se tornando independentes, a estrutura dessas sociedades não se modificou.
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Colonização
A Espanha era uma metrópole mercantilista. Isto quer dizer que as colônias só serviam para serem exploradas. A colonização só teria sentido se as colônias pudessem fornecer produtos lucrativos.
Desta forma, a maioria das colônias espanholas (e também portuguesas) foram colônias de exploração, que dependiam das regras impostas pela metrópole.
O fator mais importante pela colonização espanhola foi a mineração. A base da economia espanhola eram as riquezas que provinham, especialmente da Bolívia, a prata e também o ouro de outras colônias.
Foi esta atividade, a mineração, a responsável pelo crescimento de outras, como a agricultura e a criação de gado, necessários para o consumo de quem trabalhava nas minas.
Quando a mineração decaiu, a pecuária e a agricultura passaram a ser as atividades básicas da América Espanhola.
A Exploração do Trabalho
Em alguns lugares, como Cuba, Haiti, Jamaica e outras ilhas do Caribe, houve exploração do trabalho escravo negro. Porém, de modo geral o sistema de produção na América Espanhola se baseou na exploração do trabalho indígena.
Os indígenas eram arrancados de suas comunidades e forçados ao trabalho temporário nas minas, pelo qual recebiam um salário miserável. Como eram mal alimentados e tratados com violência, a maioria dos indígenas morria muito rápido.
A Sociedade Colonial Espanhola
A grande maioria da população das colônias era composta pelos índios. A população negra escrava era pequena e foi usada como mão de obra, principalmente nas Antilhas.
Quem realmente mandava e explorava a população nativa eram os espanhóis, brancos, que eram a minoria mas, eram os dominadores.
Assim podemos dividir a sociedade entre brancos (dominadores) e não-brancos (dominados).
Mesmo entre a população branca havia divisões, como :
- Chapetones – colonos brancos nascidos na Espanha, eram os mais privilegiados na sociedade colonial.
- Criollos – brancos nascidos na América e descendentes dos espanhóis. Eram ricos, proprietários de terras mas, não tinham os mesmos privilégios dos Chapetones.
Além disso, a mistura entre brancos e índios criou uma camada de uma geração miscigenada.
A Administração Espanhola
Os primeiros conquistadores foram também os primeiros administradores. Eles recebiam da Coroa espanhola o direito de governar a terra que tivessem descoberto.
Com o crescimento das riquezas, como o ouro e prata descobertos, a Coroa espanhola foi diminuindo o poder desses primeiros administradores e passou ela própria a administrar.
Dessa forma, passou a monopolizar o comércio e criou órgãos para elaborar leis e controlar as colônias.
Emancipação Política da América Espanhola
Só é possível compreender como as colônias espanholas na América conseguiram se libertar se voltarmos e recordarmos o Iluminismo.
No início do século XIX, a Espanha ainda dominava a maior parte de suas colônias americanas. Porém, chegavam novas ideias da França. Era a época das Luzes! Os ares eram de liberdade, os filósofos do Iluminismo pregavam que a liberdade do Homem estava acima de qualquer coisa.
Não aceitavam que os reis pudessem usar sua autoridade acima de tudo. Afinal, os iluministas valorizavam a Razão, dizendo que o Homem era dono de seu próprio destino e devia pensar por conta própria.
Publicações feitas na França e na Inglaterra contendo essas ideias estavam chegando às colônias escondidas das autoridades. Ideias de liberdade também vinham através de pessoas cultas que viajavam e fora, descobriam um pouco mais da filosofia iluminista. Mas, quem eram essas pessoas cultas?
Quando nós vimos a Sociedade Colonial Espanhola, estudamos os “Criollos”. Eles eram brancos, nascidos na América, que tinham propriedades rurais. Podiam ser também comerciantes ou locatários das minas.
Eles tinham dinheiro, mas não tinham acesso aos cargos mais altos, pois esses cargos só podiam ser dos “Chapetones”. Então, os Criollos usaram o dinheiro para estudar. Muitos iam para as universidades americanas ou europeias e assim tomavam conhecimento das ideias de liberdade que corriam mundo com o Iluminismo.
Os Criollos exploravam o trabalho dos mestiços e dos negros, eram donos da maior parte dos meios de produção e estavam se tornando um grande perigo para a Espanha. Por isso, a Coroa espanhola decidiu criar novas leis:
- Os impostos foram aumentados.
- O pacto colonial ficou mais severos (o pacto colonial era o acordo pelo qual as atividades mercantis da colônia eram de domínio exclusivo de sua metrópole).
- As restrições às indústrias e aos produtos agrícolas coloniais concorrentes dos metropolitanos se agravaram.
(Assim, as colônias não podiam desenvolver seu comércio com liberdade)
Os Criollos tinham o exemplo dos EUA, que haviam se libertado da Inglaterra. E a própria Inglaterra estava interessada em ajudar as colônias espanholas, pois estava em plena Revolução Industrial. Isto quer dizer que precisava encontrar quem comprasse a produção de suas fábricas e também de encontrar quem lhe vendesse matéria-prima para trabalhar.
Assim, as colônias espanholas receberam ajuda inglesa contra a Espanha.
Quando aconteceu a Revolução Francesa, os franceses, que sempre tinham sido inimigos dos ingleses, viram subir ao poder Napoleão Bonaparte. Foi quando a briga entre França e Inglaterra aumentou. Devido ao Bloqueio Continental, imposto pela França, a Inglaterra não podia mais fazer comércio com a Europa continental (com o continente).
Por causa disso, a Inglaterra precisava mais do que nunca de novos mercados para fazer comércio, portanto ajudou como pôde as colônias espanholas a se tornarem independentes.
A França também ajudou, porque Napoleão Bonaparte, com seus exércitos, invadiu a Espanha e colocou seu irmão como rei na Espanha. Portanto, automaticamente, sendo dependente de França, a Espanha passou a ser inimiga também da Inglaterra.
Isso foi o motivo que a Inglaterra queria para colocar seus navios no Oceano Atlântico e impedir que a Espanha fizesse contato com suas colônias espanholas.
Os Criollos então, se aproveitaram da situação e depuseram os governantes das colônias e passaram a governar, estabelecendo de imediato a liberdade de comércio.
Mesmo depois que o rei espanhol voltou ao poder, a luta pela independência continuou e a Inglaterra seguiu ajudando, porque sem liberdade não haveria comércio.
Sobre os resultados da emancipação:
Entende-se que, talvez devido à maneira como foi dominada e explorada, a América Espanhola teve muitas dificuldades de se tornar independente. A interferência da Inglaterra e até mesmo da França foram fundamentais, embora fosse por interesse próprio.
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