Escravo ou escravizado: entenda as diferenças
Escravo ou escravizado? Ambas as palavras são adjetivas, mas enquanto escravo é um substantivo masculino, escravizado é a conjugação do verbo escravizar.
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No entanto, a diferença entre os termos escravo ou escravizado não se limita apenas a gramática e elas podem ser utilizadas em situações distintas a depender das relações sociais que as descrevem.
Este artigo procura explicar as diferenças entre as duas palavras para você não errar mais na hora da prova: escravo ou escravizado?
Além disso, também vamos falar um pouco sobre a escravidão moderna que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, ainda que a escravidão já tenha sido abolida na maioria dos países. Segue a leitura:
Qual a diferença entre escravo ou escravizado?
No glossário, entende-se como escravo, “aquele que, privado da liberdade, está submetido à vontade de um senhor, a quem pertence como propriedade”, todavia, a palavra também se limita na estabilidade e manutenção desta condição.
Em contrapartida, escravizado, refere-se ao sujeito que foi alvo de escravidão, e estar nesta situação determina uma tensão entre a continuação e a mudança.
Portanto, no contexto brasileiro, usar o termo “escravizado” simboliza com mais propriedade que o negro era, contra a sua vontade, obrigado ao trabalho escravo. Enquanto o uso da palavra “escravo”, pode levar a um subentendimento de que a escravidão era intrínseca ao negro, o que não é verdade.
O que é ser escravizado?
Escravizado refere-se à pessoa que foi submetida a escravidão, sendo assim, ser escravizado consiste em ser obrigado a trabalhar contra sua vontade e em condições indignas e degradantes de trabalho, em atividades que não são ou são muito mal remuneradas.
Embora a escravatura tenha sido abolida em razão da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel em 13 de maio de 1888, milhares de brasileiros continuam sendo submetidos ao que costumamos chamar de trabalho escravo contemporâneo ou escravidão moderna.
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O que é o trabalho escravo?
Por trabalho escravo, compreende-se os seres humanos que por ameaças, intimidação, violência física e psicológica, e até mesmo por estarem sendo mantidos em cárcere, são obrigados a exercerem um trabalho em desacordo com sua vontade.
O artigo 149 do Código Penal Brasileiro, entende como trabalho escravo, a redução de “alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto”.
Recentemente, o podcast “A mulher da casa abandonada”, produzido pelo jornalista Chico Felitti, da Folha de São Paulo, colocou em pauta a discussão deste tema no país.
Em nove episódios, o podcaster relata a história de um casal de brasileiros que por 20 anos explorou sua funcionária doméstica nos Estados Unidos.
Longe da sua terra natal, a empregada sofreu diversos maus tratos físicos e verbais e teve todos os seus direitos trabalhistas negados, tendo vivido confinada no porão da casa do cônjuge por duas décadas, sem qualquer direito a assistência médica e salário.
O caso do documentário em áudio é só mais um, de tantas mulheres, que viveram e ainda vivem nesse regime no próprio Brasil.
O Ministério do Trabalho e Previdência (MPT) afirmou que, quase dois meses após o lançamento do podcast, o número de denúncias de suspeita de trabalho doméstico análogo à escravidão aumentaram 123% em todo o país.
Mas não é só nesses casos, o trabalho paralelo a escravidão também acontece em dezenas de indústrias e fazendas ao redor do Brasil.
Somente no último ano, segundo dados do MPT, foram libertas 1.937 pessoas em condições de trabalho análogo à escravidão, número que tem crescido no país. No período, houve um aumento de 106% de casos no comparativo com 2020.
Qual a definição de escravidão?
É tida como escravidão, o regime de trabalho no qual as pessoas ficam coagidas a executarem tarefas sem receberem qualquer tipo de salário.
Por serem consideradas propriedades de seus patrões, os homens e mulheres que são escravizados, acabam tendo suas liberdades cerceadas.
Nos mais de 350 anos (1535 – 1888) em que vigorou o regime de escravidão no Brasil, os escravizados foram tratados como mercadoria, sendo um comércio muito lucrativo para os portugueses e senhores de engenho. Principalmente na costa brasileira, os compradores avaliavam os escravos como se avaliassem uma mercadoria, um objeto ou animal.
O que é considerado trabalho escravo?
Conforme o artigo 149 do Código Penal Brasileiro, existem alguns componentes que caracterizam o trabalho escravo, podendo vir juntos ou de forma separada, são eles:
- Condições degradantes de trabalho, ou seja, incompatíveis com a dignidade humana, caracterizadas pela violação de direitos fundamentais e que coloquem em risco a saúde e a vida do trabalhador;
- Jornada exaustiva, ocorrida quando o trabalhador é submetido a um esforço excessivo ou uma sobrecarga de trabalho que acarreta danos à sua saúde ou risco de vida;
- Trabalho forçado, praticado nos casos em que o patrão mantém o empregado no serviço por meio de fraudes, isolamento geográfico, ameaças e violências físicas e/ou psicológicas;
- Servidão por dívida, dada quando o chefe faz o trabalhador contrair débito ilegalmente, para prendê-lo a ele.
Quais são os tipos de trabalho escravo?
Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que ainda existam mais de 40 milhões de vítimas da escravidão moderna, sendo que desse número, 25% das vítimas é composta por crianças.
O relatório “Índice Global de Escravidão”, publicado pela Fundação Walk Free em 2016, trouxe um balanço dos principais tipos de trabalho que empregam mão de obra escrava:
- Indústria da pesca – milhares de pessoas são coagidas a trabalhar em barcos de pesca, onde podem permanecer por anos sem ver a costa.
- Trabalhos vinculados às drogas – que empregam, até mesmo, o trabalho escravo infantil.
- Escravidão sexual – segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), existem aproximadamente cinco milhões de vítimas da exploração sexual no mundo.
- Forçados a pedirem esmolas – o relatório frisa que muitas crianças na África, América Latina, Ásia e Oriente Médio são obrigadas por bandidos a esmolar dinheiro nas ruas.
- Trabalhos invisíveis aos olhos públicos – é assim, que acontecem as principais formas de escravidão moderna: em casas, onde mulheres fazem o trabalho doméstico, por exemplo; fazendas, com homens trabalhando na colheita do plantio, de novo, exemplificando; ou nas indústrias.
Quais são as principais características da escravidão?
Dentre as principais características da escravidão em que o trabalhador escravizado está submetido, estão:
- Trabalho em serviço pesado;
- Tratamento com desprezo, além de serem vistos como pessoas sem nenhum valor;
- Má alimentação, seja pela negação do patrão ou péssima qualidade na comida servida;
- Moradia em lugares coletivos ou em propriedades de condições precárias;
- Recebimento de castigos físicos ou ameaças verbais.
Confira também a entrevista de Flávia Oliveira com o jornalista Leonardo Sakamoto que vai ajudá-lo a entender melhor sobre o panorama atual do trabalho análogo à escravidão no Brasil:
Compreender a diferença entre escravo ou escravizado é se debruçar sob um tema intenso e muito importante, para o vestibular e para a vida.
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