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Português

Exercícios de Figura de Linguagem

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1 – (UFPE) Assinale a alternativa em que o autor NÃO utiliza prosopopéia.

a) “A luminosidade sorria no ar: exatamente isto. Era um suspiro do mundo.” (Clarice Lispector)

b) “As palavras não nascem amarradas, elas saltam, se beijam, se dissolvem…” (Drummond)

c) “Quando essa não-palavra morde a isca, alguma coisa se escreveu.” (Clarice Lispector)

d) “A poesia vai à esquina comprar jornal”. (Ferreira Gullar)

e) “Meu nome é Severino, Não tenho outro de pia”. (João Cabral de Melo Neto)

2 – (FUVEST) A catacrese, figura que se observa na frase “Montou o cavalo no burro bravo”, ocorre em:

a) Os tempos mudaram, no devagar depressa do tempo.

b) Última flor do Lácio, inculta e bela, és a um tempo esplendor e sepultura.

c) Apressadamente, todos embarcaram no trem.

d) Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.

e) Amanheceu, a luz tem cheiro.

3 – (UFF) TEXTO

Não há morte. O encontro de duas

expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de

duas formas, pode determinar a supressão de uma delas; mas,

rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a

condição da sobrevivência da outra, e a destruição não atinge o

princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da

guerra.

Supõe tu um campo de batatas e duas

tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das

tribos, que assim adquire forças para transpor a montanha e ir à outra

vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos

dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se

suficientemente e morrem de inanição. A paz, nesse caso, é a

destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra

e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações,

recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a

guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo

motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou

vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma

ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao

vencedor, as batatas.

(ASSIS, Machado fr. Quincas Borba. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira/INL, 1976.)

Assinale dentre as alternativas abaixo, aquela em que o uso da vírgula marca a supressão (elipse) do verbo:

a) Ao vencido, ódio ou compaixão, ao vencedor, as batatas.

b) A paz, nesse caso, é a destruição(…)

c) Daí a alegria da vitória, os hinos, as aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas.

d) (…) mas, rigorosamente, não há morte(…)

e) Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se(…)

4 – (UFPE)

DESCOBERTA DA LITERATURA

No dia-a-dia do engenho/ toda a semana, durante/

cochichavam-me em segredo: / saiu um novo romance./

E da feira do domingo/ me traziam conspirantes/

para que os lesse e explicasse/ um romance de barbante./

Sentados na roda morta/ de um carro de boi, sem jante,/

ouviam o folheto guenzo, / o seu leitor semelhante,/

com as peripécias de espanto/ preditas pelos feirantes./

Embora as coisas contadas/ e todo o mirabolante,/

em nada ou pouco variassem/ nos crimes, no amor, nos lances,/

e soassem como sabidas/ de outros folhetos migrantes,/

a tensão era tão densa,/ subia tão alarmante,/

que o leitor que lia aquilo/ como puro alto-falante,/

e, sem querer, imantara/ todos ali, circunstantes,/

receava que confundissem/ o de perto com o distante,/

o ali com o espaço mágico,/ seu franzino com gigante,/

e que o acabasse tomando/ pelo autor imaginante/

ou tivesse que afrontar/ as brabezas do brigante./

(…)

João Cabral de Melo Neto

Sobre as figuras de linguagem usadas no texto, relacione as duas colunas abaixo:

1ª COLUNA                                                    2ª COLUNA

(1) Romance de barbante                         ( ) Pleonasmo

(2) Roda morta; folheto guenzo             ( ) Metáfora

(3) Como puro alto-falante                       ( ) Comparação

(4) Perto/distante                                       ( ) Metonímia

Ali/espaço mágico

Franzino/gigante

(5) Cochichavam-me em segredo             ( ) Antítese

A ordem correta é:

a) 1, 2, 3, 4, 5

b) 5, 2, 3, 1, 4

c) 3, 1, 4, 5, 2

d) 2, 1, 3, 4, 5

e) 2, 4, 5, 3, 1

5 – (ANHEMBI)

“A novidade veio dar à praia

na qualidade rara de sereia

metade um busto de uma deusa maia

metade um grande rabo de baleia

a novidade era o máximo

do paradoxo estendido na areia

alguns a desejar seus beijos de deusa

outros a desejar seu rabo pra ceia

oh, mundo tão desigual

tudo tão desigual

de um lado este carnaval

do outro a fome total

e a novidade que seria um sonho

milagre risonho da sereia

virava um pesadelo tão medonho

ali naquela praia, ali na areia

a novidade era a guerra

entre o feliz poeta e o esfomeado

estraçalhando uma sereia bonita

despedaçando o sonho pra cada lado”

(Gilberto Gil – A Novidade)

Gilberto Gil em seu poema usa um

procedimento de construção textual que consiste em agrupar idéias de

sentidos contrários ou contraditórios numa mesma unidade de

significação. A figura de linguagem acima caracterizada é:

a) Metonímia.

b) Paradoxo.

c) Hipérbole.

d) Sinestesia.

e) Sinédoque.

6 – (ANHEMBI)

“A novidade veio dar à praia

na qualidade rara de sereia

metade um busto de uma deusa maia

metade um grande rabo de baleia

a novidade era o máximo

do paradoxo estendido na areia

alguns a desejar seus beijos de deusa

outros a desejar seu rabo pra ceia

oh, mundo tão desigual

tudo tão desigual

de um lado este carnaval

do outro a fome total

e a novidade que seria um sonho

milagre risonho da sereia

virava um pesadelo tão medonho

ali naquela praia, ali na areia

a novidade era a guerra

entre o feliz poeta e o esfomeado

estraçalhando uma sereia bonita

despedaçando o sonho pra cada lado”

(Gilberto Gil – A Novidade)

Assinale a alternativa que ilustre a Figura de Linguagem descrita na questão anterior:

a) “A novidade veio dar à praia/na qualidade rara de sereia”

b) “A novidade que seria um sonho/o milagre risonho da sereia/virava um pesadelo tão medonho”

c) “A novidade era a guerra/entre o feliz poeta e o esfomeado”

d) “Metade o busto de uma deusa maia/metade um grande rabo de baleia”

e) “A novidade era o máximo/do paradoxo estendido na areia”

7 – (ANHEMBI) Tenho fases

Fases de andar escondida,

fases de vir para a rua…

Perdição da minha vida!

Perdição da vida minha!

Tenho fases de ser tua,

tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm,

no secreto calendário

que um astrólogo arbitrário

inventou para meu uso.

E roda a melancolia

seu interminável fuso!

Não encontro com ninguém

(tenho fases, como a lua…)

No dia de alguém ser meu

não é dia de eu ser sua…

E, quando chega esse dia,

outro desapareceu…

(Lua Adversa – Cecília Meireles)

Indique a alternativa que não contenha a mesma figura de linguagem presente nesse verso do poema:

a) “O meu olhar é nítido como um girassol” (Alberto Caeiro)

b) “Meu amor me ensinou a ser simples como um largo de igreja” (Oswald de Andrade)

c) A casa dela é escura como a noite.

d) Ele é lerdo como uma lesma.

e) A tristeza é um barco imenso, perdido no oceano.

8 – (UFPB) Um dia,

o Simão me chamou: – “Vem ver. Olha ali”. Era uma mulher, atarracada,

descalçada, que subia o caminho do morro. (Diante do Sanatorinho havia

um morro. Os doentes em bom estado podiam ir até lá em cima, pela manhã

e à tarde.) Lembro-me de que, de repente, a mulher parou e acenou para

o Sanatorinho. Não sei quantas janelas retribuíram. E o curioso é que,

desde o primeiro momento, Simão saltou: – “É minha! Vi primeiro!”.

Uns oitenta doentes tinham visto, ao

mesmo tempo. Mas o Simão era um assassino. Como ele próprio dizia, sem

ódio, quase com ternura, “matei um”. E o crime pretérito intimidava os

demais. Constava que trouxera, na mala, com a escova de dentes, as

chinelas, um revólver. Naquela mesma tarde, foi para a cerca, esperar a

volta da fulana. E conversaram na porteira. Simão voltou, desatinado.

Conversara a fulana. Queria um encontro, na manhã seguinte, no alto do

morro.

A outra não prometera nada. Ia ver, ia

ver. Simão estava possesso: – “Dez anos!”, e repetia, quase chorando: –

“Dez anos não são dez dias!”. Campos do Jordão estava cheio de casos

parecidos. Nada mais cruel do que a cronicidade de certas formas de

tuberculose. Eu conheci vários que haviam completado, lá na montanha,

um quarto de século. E o próprio Simão falava dos dez anos como se

fosse esta a idade do seu desejo.

Na manhã seguinte, foi o primeiro a

acordar. (…) Havia uma tosse da madrugada e uma tosse da manhã. Eu me

lembro daquele dia. Nunca se tossiu tanto. Sujeitos se torciam e

retorciam asfixiados. E, súbito, a tosse parou. Todo o Sanatorinho

sabia que, no alto do morro, o Simão ia ver a tal mulher do riso

desdentado. E justamente ela estava subindo a ladeira. Como na véspera,

deu adeus; e todas as janelas e varandas retribuíram. Uma hora depois,

volta o Simão. Foi cercado, envolvido: – “Que tal?”. Tinha uma luz

forte no olhar: – “Tem amanhã outra vez”. Durante todo o dia, ele quase

não saiu da cama: – sonhava. Às seis, seis e pouco, um médico entra na

enfermaria. Falou pra todos: – “Vocês não se metam com essa mulher que

anda por aí, uma baixa. Passou, hoje de manhã, subiu a ladeira. É

leprosa”. Ninguém disse nada. O próprio Simão ficou, no seu canto, uns

dez minutos, quieto. Depois, levantou-se. No meio da enfermaria, como

se desafiasse os outros, disse duas vezes: – “Eu não me arrependo, eu

não me arrependo”.

(RODRIGUES, Nelson. A menina sem estrela. São Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 132-3.)

A partir da convenção seguinte:

I.Animização

II.Metáfora

III.Metonímia

IV.Silepse

Preencha os parênteses com a adequada classificação das figuras de linguagem:

( )”… e todas as janelas e varandas retribuíram.”

( )”Campos do Jordão estava cheio de casos parecidos.”

( )”… Simão ia ver a tal mulher do riso desdentado.”

A seqüência correta encontra-se em

a) I, III, II.

b) I, IV, II.

c) II, III, II.

d) III, IV, II.

e) III, IV, III.

9 – (UFPE) Nos enunciados abaixo, a palavra destacada NÃO tem sentido conotativo em:

a) A comissão técnica está dissolvida. Do goleiro ao ponta-esquerda.

b) Indispensável à boa forma, o exercício físico detona músculos e ossos, se mal praticado.

c) O melhor tenista brasileiro perde o jogo, a cabeça e o prestígio em Roland Garros.

d) Sob a mira da Justiça, os sorteios via 0900 engordam o caixa das principais emissoras.

e) Alta nos juros atropela sonhos da classe média.

10 – (UFPA) Tecendo a manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe o grito que um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão.

(MELO, João Cabral de. In: Poesias Completas. Rio de Janeiro, José Olympio, 1979)

Nos versos

“E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo…”

tem-se exemplo de

a) eufemismo

b) antítese

c) aliteração

d) silepse

e) sinestesia

Gabarito:

1-e 2-c 3-a 4-b 5-b 6-b 7-e 8-e 9-b 10-c

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