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História

Iluminismo: tudo o que você precisa saber sobre o movimento

iluminismo

Mencionado nas aulas de história ou filosofia e cobrado nos principais vestibulares do país, o Iluminismo é um tema bem amplo.

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Para facilitar o estudo desse movimento, você encontrará ao longo deste artigo as principais informações relacionadas ao seu surgimento, suas características e acontecimentos durante o período Iluminista. Boa leitura!

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O que é Iluminismo?

Iluminismo é um movimento cultural que tem origem na Inglaterra, Holanda e França, nos séculos XVII e XVIII. Nessa época, o desenvolvimento intelectual, que ocorreu desde o Renascimento, deu origem a ideias de liberdade política e econômica, defendidas pela burguesia. Os filósofos e economistas que difundiam essas ideias julgavam-se propagadores da luz e do conhecimento, sendo, por isso, chamados de iluministas.

O Iluminismo trouxe consigo grandes avanços que, junto com a Revolução Industrial, abriram espaço para a profunda mudança política determinada pela Revolução Francesa. O precursor desse movimento foi o matemático francês René Descartes (1596-1650), considerado o pai do racionalismo. Em sua obra “Discurso do método”, ele recomenda, para se chegar à verdade, que se duvide de tudo, mesmo das coisas aparentemente verdadeiras. A partir da dúvida racional pode-se alcançar a compreensão do mundo, e até mesmo de Deus.

Na gravura a seguir, Descartes está cercado por estudiosos e admiradores:

Veja também:
+ Revoluções Burguesas
+ Renascimento Cultural: o que é, origens e características!
+ Absolutismo e Mercantilismo

Quais são as principais características do Iluminismo?

•Valorização da razão, considerada o mais importante instrumento para se alcançar qualquer tipo de conhecimento;

•Valorização do questionamento, da investigação e da experiência como forma de conhecimento tanto da natureza quanto da sociedade, política ou economia;

•Crença nas leis naturais, normas da natureza que regem todas as transformações que ocorrem no comportamento humano, nas sociedades e na natureza;

•Crença nos direitos naturais, que todos os indivíduos possuem em relação à vida, à liberdade, à posse de bens materiais;

•Crítica ao absolutismo, ao mercantilismo e aos privilégios da nobreza e do clero;

•Defesa da liberdade política e econômica e da igualdade de todos perante a lei;

•Crítica à Igreja Católica, embora não se excluísse a crença em Deus.

Quer saber mais sobre Iluminismo? Assista ao vídeo abaixo:

Iluminismo e a Ciência

Nos séculos XVII e XVIII, enquanto as ideias iluministas se espalhavam pela Europa, uma febre de novas descobertas e invenções tomaram conta do continente. O avanço científico dessa época colocou à disposição do homem informações tão diferentes quanto a descrição da órbita dos planetas e do relevo da Lua, a descoberta da existência da pressão atmosférica e da circulação sanguínea e o conhecimento do comportamento dos espermatozoides.

Avanços na Astronomia

A Astronomia foi um dos campos que deu margem às maiores revelações. Seguindo a trilha aberta por estudiosos da Renascença, como Copérnico, Kepler e Galileu, o inglês Isaac Newton (1642-1727) elaborou um novo modelo para explicar o universo. Auxiliado pelo desenvolvimento da Matemática, que teve em Blaise Pascal (1623-1662) um de seus maiores representantes, ele ultrapassou a simples descrição do céu, chegando a justificar a posição e a órbita de muitos corpos siderais.

Além disso, anunciou ao mundo a lei da gravitação universal, que explicava desde o movimento de planetas longínquos até a simples queda de uma fruta. Newton foi ainda responsável por avanços na área do cálculo e pela decomposição da luz, mostrando que a luz branca, na verdade, é composta por sete cores, as mesmas do arco-íris.

Tanto para o estudo dos corpos celestes quanto para a observação das minúsculas partes do mundo, foi necessário ampliar o campo de visão do homem. Os holandeses encarregaram-se dessa parte, descobrindo que a justaposição de várias lentes multiplicava a capacidade da visão humana.

Tal invento possibilitou a Robert Hooke (1635-1703) construir o primeiro microscópio, que ampliava até 40 vezes pequenos objetos (folhas, ferrões de abelha, patas de insetos). Esse cientista escreveu um livro sobre suas observações e criou o termo célula, hoje comum em Biologia.

As primeiras experiências com a então recém-descoberta eletricidade demonstraram que o corpo humano é um bom condutor elétrico. Na imagem acima, o menino suspenso por cordas isolantes recebe estímulos elétricos nos pés, os quais são transmitidos à outra criança (à esquerda), a quem está dando a mão.

Avanços na Biologia

A Biologia progrediu também no estudo do homem, com a identificação dos vasos capilares e do trajeto da circulação sanguínea. Descobriu-se também o princípio das vacinas — a introdução do agente causador da moléstia no organismo para que este produza suas próprias defesas.

Avanços na Química

Na Química, a figura mais destacada foi Antoine Lavoisier (1743-1794), famoso pela precisão com que realizava suas experiências. Essa característica auxiliou-o a provar que, “embora a matéria possa mudar de estado numa série de reações químicas, sua quantidade não se altera, conservando-se a mesma tanto no fim como no começo de cada operação”. Atribuiu-se a ele igualmente a frase: “Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”.

Além dos nomes citados, houve muitos outros inventores e estudiosos que permitiram, por exemplo, a descoberta da eletricidade; a invenção da primeira máquina de calcular; a formulação de uma teoria, ainda hoje aceita, para explicar a febre; a descoberta dos protozoários e das bactérias. Surgiu mesmo uma nova ciência — a Geologia —, a partir da qual se desenvolveu uma teoria que explicava a formação da Terra, refutando a versão bíblica da criação do mundo em sete dias.

Desenho esquemático do microscópio de Robert Hooke:

Tendo herdado o espírito curioso e indagador dos estudiosos renascentistas, os pesquisadores dos séculos XVII e XVIII construíram teorias e criaram inventos, em alguns casos posteriormente contestados pela evolução da ciência. Sua importância, entretanto, é inegável, tendo sido fundamental para os progressos técnicos que culminaram na Revolução Industrial.

Iluminismo na Inglaterra

No século XVII, as ideias iluministas mais brilhantes surgiram na Inglaterra, país que apresentava grande desenvolvimento econômico Vejamos algumas das figuras que mais se destacaram nesse país.

Isaac Newton (1642-1727), matemático, astrônomo e físico, preocupou-se com o estudo do movimento dos corpos do universo. Demonstrou que os corpos exercem atração uns sobre os outros, formulando a lei da gravitação universal.

Os conhecimentos de Newton em Matemática e Física permitiram-lhe avançar em suas investigações astronômicas e criar, inclusive, um telescópio.

John Locke (1632-1704), ao contrário de seu contemporâneo Thomas Hobbes, que era a favor do absolutismo, escreveu o Segundo tratado sobre o governo civil, defendendo a teoria do governo limitado. Para Locke, os homens formavam a sociedade e instituíam um governo para que este lhes garantisse alguns direitos naturais, como o direito à vida, à felicidade, à propriedade, etc. Por isso, caso o governo abusasse do poder, poderia ser substituído. Outra de suas afirmações era que todos os indivíduos nascem iguais, sem valores ou ideias preconcebidas.

Fonte: FILHO, Milton B. B. História Moderna e Contemporânea. São Paulo, Scipione.1993

Iluminismo na França

As ideias dos pensadores iluministas ingleses encontraram grande aceitação na França do século XVIII, onde atingiram seu auge. Investigando problemas políticos, religiosos e culturais, os franceses procuraram idealizar uma sociedade na qual houvesse liberdade e justiça social.

Dos franceses, Voltaire (1694-1770) foi o maior dos filósofos iluministas e um dos maiores críticos do Antigo Regime e da Igreja. Defendeu a liberdade de pensamento e de expressão.

Como forma de governo, era a favor de uma monarquia esclarecida, na qual o governante fizesse reformas influenciado pelas ideias iluministas.

Outro crítico do Antigo Regime foi Montesquieu (1698-1755), que propunha a divisão do poder em executivo, legislativo e judiciário, mantendo-se os três em equilíbrio permanente.

Escreveu “O espírito das leis” e “Cartas persas”. Defendeu, ainda, a posição de que somente as pessoas de boa renda poderiam ter direitos políticos, ou seja, direito de votar e de candidatar-se a cargos públicos.

François Marie Arouet (Voltaire) um dos grandes intelectuais do Iluminismo francês.

Rousseau (1712-1778), outro pensador francês, distinguiu-se dos demais iluministas por criticar a burguesia e a propriedade privada. Considerava os homens bons por natureza e capazes de viver em harmonia, não fosse alguns terem se apoderado da terra, dando origem à desigualdade e aos conflitos sociais. Propunha um governo no qual o povo participasse politicamente e a vontade da maioria determinasse as decisões políticas. Expôs suas ideias principalmente em duas obras: “O contrato social” e “Discurso sobre a origem da desigualdade”.

As propostas desses e de outros iluministas franceses difundiram-se pela Europa e América em boa parte graças à “Enciclopédia”. Esta volumosa obra, organizada pelos iluministas Diderot e D’Alembert e escrita por grandes pensadores e cientistas, sintetizava o conhecimento e as ideias vigentes na época.

Também em relação à economia surgiram ideias novas, que atacavam o mercantilismo e a interferência do Estado na vida econômica. Na França apareceram os fisiocratas (fisio = natureza; cracia = poder), como Quesnay, para quem a riqueza de uma nação provém da agricultura e, portanto, da natureza. A economia seria regulada por leis naturais, sendo desnecessária a intervenção do Estado. O princípio do “Laissez faire, laissez passer” (Deixe fazer, deixe passar) era defendido pelos fisiocratas, que pregavam o ideal de liberdade.

Os fisiocratas influenciaram na formação de uma corrente de pensamento chamada liberalismo econômico, da qual fazem parte os ingleses Adam Smith, Thomas Malthus e David Ricardo.

Capa do primeiro volume da Enciclopédia, editada em 1751:

Fonte: FILHO, Milton B. B. História Moderna e Contemporânea. São Paulo, Scipione.1993

O despotismo esclarecido

No século XVIII desenvolveu-se uma forma de governo que mesclou o absolutismo às ideias iluministas. O chamado despotismo esclarecido surgiu em países da Europa ainda essencialmente agrícolas, como Portugal, Áustria, Prússia e Rússia.

Os soberanos desses países, apoiados na burguesia e em parte da aristocracia, explicavam seu poder absoluto não pela “origem divina”, mas como resultado de necessidades sociais. Governavam em nome da razão e pretendiam construir a prosperidade de seus Estados. Diziam-se servidores da coletividade. Veja no quadro a seguir o nome dos déspotas esclarecidos e suas principais realizações.

País

 

Déspota

 

Esclarecido

 

Realizações

 

 

Portugal

 

 

 

Marquês de Pombal – Ministro de D. José I (1750-1777)

 

Aumentou o controle do Estado sobre a economia;

Incentivou o comércio e as manufaturas;
-Expulsou os jesuítas de Portugal e de suas colônias;
-Procurou desenvolver uma educação leiga, sem a influ6encia da Igreja.

 

 

Áustria

 

 

 

José II  (1780-1790)

 

-Estimulou o desenvolvimento das manufaturas e da agricultura.

-Libertou os servos de várias regiões do país.
Desenvolveu a educação.
-Taxou as propriedades da nobreza e do clero.
 

Prússia

 

 

Frederico II (1740-1780)

 

-Organizou militarmente a Prússia.

-Expandiu o território do país.
-Estimulou o desenvolvimento industrial.
-Incentivou a educação.

 

 

Rússia

 

 

 

Catarina, a Grande  (1763-1796)

 

-Incentivou a cultura

-Promoveu transformações sociais baseadas nas ideias iluministas.

Pensamentos Iluministas

Os pensamentos iluministas também estão entre os destaques do movimento. Veja alguns exemplos de escritos iluministas abaixo:

Os regimes de governo e a divisão de poderes, segundo Montesquieu.

“Existem três espécies de governos: o republicano, o monárquico e o despótico (…) o governo republicano é aquele no qual o povo reunido, ou somente uma parte do povo, tem o poder soberano; a monarquia, aquela na qual um só governa, mas por meio de leis fixas e estabelecidas; enquanto que no despotismo apenas um, sem leis e sem regras, arrebata tudo sob a sua vontade e seu capricho (…).

Existe em cada Estado três tipos de poderes: o poder legislativo, o poder executivo das coisas que dependem da vontade das gentes e o poder executivo daquilo que depende do direito civil. Pela primeira, o príncipe ou magistrado faz as leis por um certo tempo ou para sempre, e corrige ou substitui aquelas que estão feitas. Pela segunda, se faz a paz ou a guerra, se enviam ou recebem os embaixadores, se estabelece a segurança, se previnem as invasões. Pela terceira, se punem os crimes ou se julga as diferenças particulares.”

MONTESQUIEU. O Espírito das Leis

A teoria do contrato social em Diderot: o poder político emergindo do consentimento da nação

“O príncipe recebe de seus súditos a autoridade que ele tem sobre eles e esta autoridade é nascida das leis da natureza e do Estado. As leis da natureza e do Estado são as condições às quais eles são submetidos (…). Uma destas condições é que não existe o poder da autoridade sobre eles a não ser pela sua escolha e consentimento e ele não pode jamais empregar esta autoridade para cassar o ato ou contrato pela qual ela lhe foi deferida: ele agirá assim contra ele mesmo, pois que sua autoridade não pode subsistir a não ser pelo título que a estabelece (…). O príncipe não pode pois dispor do seu poder e de seus súditos sem o consentimento da nação.”

DIDEROT. Enciclopédia

A Propriedade como fonte de desigualdade, segundo Rousseau

“O primeiro que cercou um terreno, advertindo: ‘Este é meu’, e encontrando gente muito simples que acreditou, foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Que crimes, guerras, assassinatos, misérias e horrores teria poupado ao gênero humano aquele que (…) tivesse gritado a seus semelhantes: ‘Não escutem este impostor; vocês estarão perdidos se esquecerem que os frutos são de todos, que a terra não é de ninguém’. (…) Desde o instante em que um homem teve necessidade da ajuda de um outro, desde que ele percebeu ser conveniente para um só ter provisões para dois, a igualdade desapareceu, a propriedade se introduziu, o trabalho tornou-se necessário e as vastas florestas se transformaram em campos risonhos que passaram a ser regados com o suor dos homens e nos quais vimos então a miséria e a escravidão germinarem e crescerem com a colheita.”

ROUSSEAU, Discursos sobre a origem das desigualdades

As reformas do déspota esclarecido Frederico Guilherme I, da Prússia.

“O Estado mudou quase inteiramente de forma sob Frederico Guilherme: a Corte foi dispensada e as grandes pensões sofreram uma redução (…). Desde o reinado de Frederico 1 houve grande quantidade de abusos relativos às taxas, que se tornaram arbitrárias. A crise de todo o Estado demandava (. . .). A fim de tornar estes impostos proporcionais, o rei fez medir exatamente todos os campos cultiváveis e restabeleceu a igualdade das contribuições segundo as diferentes categorias de boas ou más terras e, como o preço dos alimentos estava muito alto, ele aumentou também os impostos na proporção destes preços; o que aumentou consideravelmente a renda.”

Recueil des oeuvres du philosophe de Sans-Souci. In: GOTHIER, L. e TROUX, A., orgs. Les ternps …p. 323-7.

Onde estudar iluminismo?

O iluminismo é um tema normalmente abordado em formações da área de Ciências Humanas, como História, Filosofia e Sociologia, por exemplo, que podem ser considerados por quem deseja se aprofundar neste assunto.

Independentemente do curso escolhido, é fundamental optar por uma instituição reconhecida pelo MEC. Afinal, o reconhecimento garante a validade do diploma em todo o território nacional.

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