O ÁLCOOL
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Introdução
Em 1997, os americanos beberam em média 7,57 litros de álcool por pessoa. Isso se traduz aproximadamente em um pacote de seis cervejas, dois copos de vinho e três ou quatro bebidas misturadas por semana. Cerca de 35% dos adultos não consomem álcool; então, os números são na verdade mais altos para aqueles que consomem – o álcool é um fenômeno social popular surpreendente.
Se você já viu uma pessoa que bebeu demais, sabe que o álcool é uma droga que tem efeitos que se espalham pelo corpo e que variam de pessoa para pessoa. As pessoas que bebem costumam ser a “atração da festa” ou podem se tornar tristes e cabisbaixos. Seu modo de falar pode ser indistinto e eles podem ter problemas para caminhar. Tudo depende da quantidade de álcool consumido, da história da pessoa com o álcool e da personalidade da pessoa.
Apesar de você ter visto as mudanças de comportamento e físicas, deve querer saber exatamente como o álcool funciona no corpo para produzir esses efeitos. O que é álcool? Como o corpo o processa? Como a química do álcool funciona na química do cérebro? Neste artigo, vamos examinar todos os modos pelos quais o álcool afeta o corpo humano.
O que é álcool?
Para entender os efeitos do álcool no corpo é útil entender a natureza do álcool como uma substância química. Então, vamos dar uma olhada…
Veja vários fatos:
– o álcool é um líquido claro à temperatura ambiente;
– o álcool é menos denso e evapora em temperaturas mais baixas do que a água (essa propriedade permite que ele seja destilado – aquecendo uma mistura de álcool e água, o álcool evapora antes);
– o álcool se dissolve facilmente em água;
– o álcool é inflamável (tão inflamável que pode ser usado como combustível).
O álcool pode ser feito por quatro métodos diferentes:
– fermentação de frutas ou mistura de grãos;
– destilação de frutas os misturas de grãos fermentados (bebidas como uísque, rum, vodca e gim são destiladas);
– modificações químicas de combustíveis fósseis como óleo, gás natural ou carvão (álcool industrial);
– combinação química de hidrogênio com monóxido de carbono (metanol ou álcool de madeira).
Álcool etílico
O álcool encontrado nas bebidas alcoólicas é o álcool etílico (etanol). A estrutura plana condensada do etanol é assim:
H3Cââ€Â€CH2ââ€Â€OH
Nessa estrutura, C é carbono, H é hidrogênio, O é oxigênio e os hífens são as ligações químicas entre os átomos. Para esclarecimento, as ligações entre os três átomos de hidrogênio e o átomo restante de carbono não são mostradas. O grupo OH (O-H) na molécula é o que dá a ela as propriedades químicas específicas de um álcool. No decorrer deste artigo, quando dissermos “álcool”, queremos dizer etanol.
Você não vai encontrar álcool puro na maioria das bebidas. Beber álcool puro pode ser mortal, porque são necessários apenas poucos gramas de álcool puro para elevar rapidamente o nível de álcool do sangue para uma zona perigosa. Para os vários tipos de bebidas, a concentração de etanol (por volume) é a seguinte:
– cerveja = 4 a 6% (média de cerca de 4,5%)
– vinho = 7 a 15% (média de cerca de 11%)
– champanhe = 8 a 14% (média de cerca de 12%)
– Bebidas destiladas (rum, gim, vodca, uísque) = 40 a 95%
– a maioria das bebidas comuns compradas em lojas de bebidas tem 40% de álcool;
– algumas formas de altas concentrações de rum e uísque (75 a 90%) podem ser compradas nas lojas de bebidas;
– algumas formas de altas concentrações de uísque (isto é, falsificados) podem ser feitas e/ou compradas ilegalmente.
Na maioria dos estados dos Estados Unidos, você precisa ter 21 anos ou mais para comprar bebidas alcoólicas, e há multas por servir ou vender bebidas para menores.
Como o álcool entra no corpo
Quando uma pessoa toma uma bebida alcoólica, cerca de 20% do álcool é absorvido no estômago e 80% é absorvido pelo intestino delgado. A velocidade com que o álcool é absorvido depende de várias coisas:
– a concentração de álcool em uma bebida – quanto maior a concentração, mais rápida a absorção;
– o tipo de bebida – bebidas carbonadas tendem a ser mais rápidas na absorção do álcool;
– quer o estômago esteja cheio ou vazio – a comida deixa a absorção do álcool mais lenta.
Depois da absorção, o álcool entra na corrente sangüínea e se dissolve na água do sangue. O sangue carrega o álcool por todo o corpo. O álcool do sangue, então, entra e se dissolve na água dentro de cada tecido do corpo (exceto o tecido de gordura, já que o álcool não pode se dissolver em gordura). Uma vez dentro dos tecidos, o álcool mostra seus efeitos no corpo. Os efeitos observados dependem diretamente da concentração de álcool no sangue (CAS), que está relacionada com a quantidade de álcool consumida. A CAS pode se elevar significantemente dentro de 20 minutos depois de ingerida a bebida.
Como o álcool sai do corpo
Uma vez absorvido pela corrente sangüínea, o álcool deixa o corpo de três formas:
– o rim elimina 5% do álcool na urina;
– os pulmões exalam 5% do álcool, que pode ser detectado por bafômetros;
– o fígado quebra quimicamente o álcool restante em ácido acético.
Sem base científica, em média uma pessoa pode eliminar 15 ml de álcool por hora. Então, levaria aproximadamente uma hora para eliminar o álcool de uma lata de cerveja de 355 ml.
A CAS aumenta quando o corpo absorve o álcool mais rápido do que o elimina. Então, como o corpo pode eliminar apenas cerca de uma dose de álcool por hora, beber vários copos em uma hora vai aumentar sua CAS muito mais do que tomar um copo em um espaço de tempo de uma hora ou mais.
Os efeitos do álcool
Se você viu alguém que bebeu demais, provavelmente notou mudanças definitivas no desempenho e comportamento da pessoa. O corpo responde ao álcool em estágios, que correspondem a um aumento de CAS.
1) Euforia (CAS = 0,03 a 0,12%)
a) as pessoas se tornam mais autoconfiantes ou atrevidas;
b) sua atenção diminui;
c) elas podem parecer coradas;
d) seu raciocínio não é tão bom – elas podem dizer a primeira coisa que vier à cabeça, em vez de fazer um comentário adequado a dada situação;
e) elas têm problemas com movimentos finos, como escrever ou assinar o próprio nome.
2) Excitação (CAS = 0,09 a 0,25%)
a) elas ficam sonolentas;
b) elas têm problemas para compreender ou se lembrar de coisas (mesmo acontecimentos recentes);
c) elas não reagem a situações rapidamente (se elas derramarem bebida, podem apenas ficar olhando);
d) os movimentos do corpo não são coordenados;
e) elas começam a perder o equilíbrio facilmente;
f) sua visão fica embaralhada;
g) elas podem ter problemas com os sentidos (audição, paladar, tato, etc).
3) Confusão (CAS = 0,18 a 0,30%)
a) elas não conseguem saber onde estão ou o que estão fazendo;
b) elas ficam zonzas e podem cambalear;
c) elas podem ficar muito emotivas – agressivas, introvertidas ou muito afetivas;
d) elas não conseguem ver muito bem;
e) elas ficam sonolentas;
f) elas apresentam fala indistinta;
g) não coordenam os movimentos (têm problemas em pegar um objeto quando atirado para elas);
h) podem não sentir dor tão prontamente quanto uma pessoa sóbria.
4) Letargia (CAS = 0,25 a 0,4%)
a) elas mal podem se mover;
b) elas não respondem a estímulos;
c) não conseguem ficar em pé ou caminhar;
d) podem vomitar;
e) podem ter lapsos de memória.
5) Coma (CAS = 0,35 a 0,50%)
a) elas ficam inconscientes;
b) seus reflexos são depressivos (ou seja, suas pupilas não respondem adequadamente a mudanças de luminosidade);
c) elas sentem frio (temperatura do corpo mais baixa do que o normal);
d) sua respiração é mais lenta e não muito profunda;
e) seus batimentos cardíacos ficam mais lentos;
f) elas podem morrer.
6) Morte (CAS mais de 0,50%).
Como o corpo responde ao álcool
O álcool age primeiro nas células nervosas dentro do cérebro. O álcool interfere na comunicação entre as células nervosas e outras células, impedindo as atividades das vias nervosas excitantes e aumentando as atividades das vias nervosas inibidoras.
Por exemplo, o Centro Médico da Universidade de Chicago: Ações do Álcool e Anestesia (site em inglês) fala sobre a habilidade do álcool (e dos anestésicos inaláveis) de intensificar os efeitos do neurotransmissor GABA, que é um inibidor. Intensificar um inibidor teria o efeito de fazer as coisas lentamente, o que combina com o comportamento que você vê em uma pessoa bêbada. A glutamina é um neurotransmissor excitativo enfraquecido pelo álcool. Fazendo que esse neurotransmissor excitativo fique menos eficaz, você também consegue lentidão. O álcool faz isso interagindo com os receptores nas células receptoras nessas vias.
O álcool afeta vários centros no cérebro, tanto de baixa como de alta ordem. Os centros não são igualmente afetados pela mesma CAS: os centros de ordem mais alta são mais sensíveis que os de baixa ordem. Enquanto a CAS aumenta, mais e mais centros do cérebro são afetados.
A ordem na qual o cérebro afeta os vários centros cerebrais é a seguinte:
– córtex cerebral;
– sistema límbico;
– cerebelo;
– hipotálamo e glândula pituitária;
– medula (haste do cérebro).
Tempos altos
Córtex cerebral
O córtex cerebral é a parte externa do cérebro. O córtex processa a informação de seus sentidos, faz o processamento de seu “pensamento” e consciência em conjunto com uma estrutura chamada núcleos (gânglios) basais, inicia a maioria dos movimentos voluntários dos músculos e influencia os centros de baixa ordem do cérebro. No córtex, o álcool faz o seguinte:
– enfraquece os centros inibidores de comportamento – a pessoa se torna mais falante, mais autoconfiante e menos inibida socialmente;
– o processo de informação dos sentidos fica mais lento – a pessoa tem problemas com a visão, audição, olfato, tato e paladar; além disso, o limite da dor é elevado;
– inibe os processos de pensamento – a pessoa não usa o bom senso ou pensa claramente.
Esses efeitos ficam cada vez mais evidentes à medida que a CAS aumenta.
Sistema límbico
O sistema límbico consiste em áreas do cérebro chamadas hipocampo e área septal. O sistema límbico controla as emoções e a memória. Como o álcool afeta esse sistema, a pessoa está sujeita a exagerar nos estados de emoção (raiva, agressividade, retraimento) e perda de memória.
Ato de equilíbrio
Cerebelo
O cerebelo coordena o movimento dos músculos. Os impulsos do cérebro que começam com os movimentos musculares são originados nos centros motores do córtex cerebral e viajam através da medula e do cordão espinhal para os músculos. Enquanto os sinais nervosos passam pela medula, são influenciados pelos impulsos nervosos do cerebelo. O cerebelo controla os movimentos finos. Por exemplo, você pode tocar normalmente seu nariz com seu dedo em um movimento suave com seus olhos fechados; se seu cerebelo não estiver funcionando, o movimento seria extremamente trêmulo ou espasmódico. Como o álcool afeta o cerebelo, os movimentos musculares se tornam descoordenados.
O cérebro também coordena o movimento muscular frio envolvido na manutenção de seu equilíbrio. Então, como o álcool afeta o cerebelo, uma pessoa perde o equilíbrio com freqüência. Nesse estágio, essa pessoa pode ser descrita como “caindo de bêbada”.
O porteiro sabe
Hipotálamo e glândula pituitária
O hipotálamo é uma área do cérebro que controla e influencia muitas outras funções automáticas do cérebro por meio de ações na medula, e coordena muitas funções químicas e endócrinas (secreções sexuais, tiróide e hormônios do crescimento) por meio de substâncias químicas e impulsos nervosos na glândula pituitária. O álcool tem dois efeitos visíveis no hipotálamo e na glândula pituitária, que influenciam o comportamento sexual e a excreção urinária.
O álcool enfraquece os centros nervosos no hipotálamo que controlam a excitação e o desempenho sexual. À medida que a CAS aumenta, o comportamento sexual aumenta, mas o desempenho sexual diminui. Essa observação foi feita há muito tempo e é mencionada por William Shakespeare em “Macbeth” (Ato 2 cena 3):
– Macduff: Quais são as três coisas que a bebida provoca especialmente?
– Porteiro: Ora, senhor, nariz vermelho, sono e urina. A lascívia, senhor, ela provoca e deixa sem efeito; provoca o desejo, mas impede a execução…
O porteiro, no trecho acima, também nota o efeito do álcool na excreção urinária. O álcool inibe a secreção pituitária do hormônio antidiurético (HAD), que age nos rins para reabsorver a água. O álcool age no hipotálamo/pituitária para reduzir os níveis de circulação de HAD. Quando os níveis de HAD caem, os rins não reabsorvem tanta água; conseqüentemente, os rins produzem mais urina.
Aviso: perigo à frente
Medula
A medula, ou a haste do cérebro, controla ou influencia todas as funções do corpo nas quais você não tem que pensar, como respiração, batimentos cardíacos, temperatura e consciência. À medida que o álcool começa a influenciar os centros superiores na medula, como a formação reticular, a pessoa começa a ficar sonolenta e pode eventualmente se tornar inconsciente à medida que a CAS aumenta. Se a CAS fica alta o suficiente para influenciar os centros da respiração, os batimentos cardíacos e a temperatura, a pessoa respira lentamente ou pára de respirar completamente, e tanto a pressão sangüínea como a temperatura do corpo cairão. Essas condições podem ser fatais.
Para mais informações sobre as partes do cérebro e suas funções, veja Como funciona o cérebro.
Efeitos do álcool em outros sistemas do corpo
Além do cérebro, o álcool pode afetar outros tecidos do corpo. Há os seguintes efeitos em outros sistemas do corpo:
– irrita a parte interna do estômago e intestino – isso pode provocar vômito;
– aumenta o fluxo sangüíneo do estômago e dos intestinos – isso aumenta as secreções desses órgãos, mais visivelmente da secreção ácida do estômago;
– aumenta o fluxo sangüíneo da pele – isso faz com que a pessoa sue e fique corada. O suor faz com que o calor do corpo seja perdido, e a temperatura do corpo pode cair abaixo do normal;
– reduz o fluxo sangüíneo dos músculos – isso pode causar dores musculares, na maioria sentidas quando a pessoa se recupera do álcool (a “ressaca”).
Todos os efeitos do álcool continuam até que o álcool ingerido seja eliminado do corpo.
Abuso do álcool
Nos Estados Unidos, aproximadamente 8% da população de 18 anos para cima sofre por causa do abuso e/ou dependência do álcool. Esse abuso ou dependência custa acima de US$ 1,7 bilhão em tratamento médico, perda de bens, danos em acidentes e custos criminais/legais.
O abuso de álcool tem sido um problema crescente nas três últimas décadas. Com a exposição contínua ao álcool, como o corpo humano responde ou se adapta? A tolerância ao álcool aumentada do corpo envolve as seguintes mudanças:
– aumento no nível das enzimas do fígado que são usadas para quebrar o álcool
– aumento da atividade cerebral e dos neurônios do sistema nervoso
Essas adaptações do corpo mudam o comportamento da pessoa.
Os níveis de álcool desidrogenase e aldeído desidrogenase no fígado aumentam em resposta à longa exposição ao álcool. Isso significa que o corpo se torna mais eficiente na eliminação de altos níveis de álcool no sangue. Entretanto, isso também significa que a pessoa deve beber mais álcool para experimentar os mesmos efeitos anteriores, que levam a beber mais e contribuem para o vício.
As substâncias químicas e funções elétricas normais das células nervosas aumentam para compensar pelos efeitos da exposição do álcool. Essa atividade nervosa aumentada ajuda as pessoas a funcionarem normalmente com uma CAS alta; entretanto, isso também as deixa irritadas quando não bebem. Além disso, a atividade nervosa aumentada pode fazer com que elas necessitem do álcool. Mais certamente, a atividade nervosa aumentada contribui para as alucinações e convulsões (ou seja, delirium tremens) quando o álcool é retirado, e torna difícil superar o abuso e a dependência.
Efeitos a longo prazo
Além das adaptações mencionadas na página anterior, há muitos efeitos físicos que resultam da longa exposição ao álcool:
– a atividade aumentada no fígado causa a morte das células e o endurecimento do tecido (cirrose hepática);
– as células cerebrais em vários centros morrem, reduzindo a massa encefálica total;
– úlceras estomacais e intestinais podem se formar por causa do constante uso do álcool, que irrita e degenera as partes internas desses órgãos;
– a pressão sangüínea aumenta à medida que o coração compensa a redução inicial da pressão sangüínea causada pelo álcool;
– a produção de esperma (célula sexual masculina) diminui por causa da redução da secreção hormonal sexual do hipotálamo/pituitária e, possivelmente, pelos efeitos diretos do álcool nos exames;
– nutrição pobre reduz os níveis de ferro e vitamina B, levando à anemia;
– como os alcoólicos perdem o equilíbrio e caem com freqüência, eles sofrem mais freqüentemente de hematomas e ossos fraturados, especialmente à medida que envelhecem.
Finalmente, o abuso e a dependência do álcool causam problemas emocionais e sociais. Como o álcool afeta os centros emocionais no sistema límbico, os alcoólicos se tornam ansiosos, depressivos e até mesmo suicidas. Os efeitos emocionais e físicos do álcool podem contribuir para problemas conjugais e familiares, incluindo violência doméstica, bem como problemas relacionados ao trabalho, como faltas excessivas e fraco desempenho.
Embora o alcoolismo tenha efeitos devastadores no ambiente social e na saúde de uma pessoa, há tratamentos médicos e psicológicos para solucionar o problema. Veja a próxima página para aprender mais.
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